06 dezembro 2011

Histórias do Rock de São Borja - parte II

A segunda fonte entrevistada foi Rodrigo Santana, aficionado pela história do rock e que sempre esteve presente nos encontros de bandas em São Borja. A entrevista aconteceu no dia 27 de Outubro de 2010, na casa de Mário Hoff; visto que os dois são amigos de longa data.

Eis alguns trechos da fala de Rodrigo Santana: 

Anos 1980 e 1990 

“A banda Kalamidade Pública, no fim dos anos 80, além das apresentações em São Borja chegaram a fazer turnê aqui na região: Itaqui, Santiago, Uruguaiana.” 

“O rock, antes disso, em São Borja, acredito que era mais músicos que tocavam em bares”.

“As lojas aqui em São Borja tinham muito vinil. Tinha desde o pop ao rock and roll. Tu achavas Doors, Ramones... Os medalhões mais famosos. Isso no fim dos anos 80 e inicio dos 90. A própria loja Grazziotin tinha uma sessão só de vinil. Era caro, não era barato um vinil, era como se fosse o preço de um cd hoje em dia.” 

“Era uma geração que agora começou a se renovar, mas dá pra dizer que aquela galera do fim dos anos 80 e inicio dos anos 90, era comum os caras se reunirem antes de uma boate, e ficarem ouvindo The Doors, com as mulheres junto. A minha irmã, que é cinco anos mais velha que eu, era fã de Doors, Stones e AC/DC. Ela ouvia, e isso era comum, não existia esse preconceito de separar sabe... Ah! Tá ouvindo rock and roll; não, eles ouviam, por exemplo, Ace Of Base que era um som dançante da época e no meio o cara ia lá e colocava um rock and roll e não tinha problema. Era uma turma bem grande que escutava isso ai. Pra ti ter uma noção, em 1995, um carnaval que foi na minha casa, meu irmão tinha um bloco e o carnaval foi todo feito com um álbum duplo dos Stones e um do Raul Seixas.”

“A geração que nasceu no meio dos anos 70 e que viveu os anos 80 e metade dos 90, nas festas tinha rock and roll na certa.” 

“Na metade dos anos de 1990, a banda Trio Metano lançou um disco, e as músicas tocavam na rádio. Só que eu acho que o principal defeito da Trio Metano foi que eles não souberam colocar um padrão na banda. Ao lançar o disco, eles atiraram pra tudo que é lado. Tu achava desde som pesado até dançante no disco. Acho que eles nem quiseram ter uma identidade pra poderem atingir público.” 

Anos 2000 e os festivais de rock 

“Depois da Trio Metano, a Ratazana foi uma das que mais incentivou os festivais no fim dos anos de  1990 e inicio de 2000. O Luciano, vocalista da Ratazana, ajudou muito a organizarem os primeiros festivais na pracinha e no Dreams ball. O primeiro Rock Grande do Sul foi em 2000 no Dreams Ball, mas antes teve alguma coisa na pracinha da lagoa, que chamavam de rock das tartarugas. Além disso, bandas tocavam no antigo Tengo Dance Beer, aonde é agora a choperia da lagoa. Todo fim de semana uma banda tocava ali. No clube recreativo e no porto teve alguns Rock Grande de Sul também.”

“Há um intervalo no fim dos anos 90, que o público parece que não se renovava e agora tem uma turma nova que está formando um monte de bandas”. 

“A partir de 2000 do primeiro rock encontro apareceram outras bandas como a Brisocks, a Cia Blues, do Mário Hoff .

“Uma vantagem que tem desses rock encontros, dos anos 2000 pra cá, é que essa gurizada procurou conhecer um pouco mais da história do rock, mas o som que eles fazem, geralmente é baseado no punk ou no metal; e grunge. São Borja tem muito grunge também. Mas digamos que hoje em dia eles respeitam mais.” 

“Uns três anos pra cá essa nova geração já não fica tanto trancados no quarto na frente do computador, eles procuram organizar seus próprios lugares pra juntar o pessoal e tocar rock and roll. O problema é que aqui em São Borja é o seguinte, montam uma banda por um tempo, a gurizada desmonta e se juntam com outros de outra banda e mudam o nome.”

“O inicio do rock em São Borja, foi muito assim... os caras gostavam, foram tocar carnaval e dai há um intervalo... os caras apareciam pra animar festa e não teve mais nada, ficavam tocando em casa ou em bares. Não dá pra culpar também. Por causa do tamanho da cidade e pela distancia não dá pra exigir que em 1960 e 1970 conhecessem o que se passava no rock; diferente da argentina, que era outro contexto.”

13/12/2010
Atualizado em 06/12/2011

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