07 maio 2010

Incômodo da inatividade

A inércia de criar
Me fez sonhar no escrever
Por que será que deixo de anotar o que penso em fazer?
Preguiça ou paranóia?

O homem deve agir
Seja qual for a atividade
Mesmo no ócio
Ele precisa produzir

Sem isso é inútil viver
Operar para ser e não para ter
Escrever
Para encontrar a realização pessoal a cada ponto final
E assim, atingir o seu prazer essencial

Não se preocupar com o passar dos dias
Acordar e perceber que chutou a bunda do baixo astral
Mais uma vez
Ganhei

29 abril 2010

Obrigado Senhor, pela música! Por através dela ativar minhas beta-endorfinas, e à noite, tranqüilizar-me antes do sono.

27 março 2010

Tributo à São Borja

Três meses de ausência
E agora de volta a São Borja
Já estava com saudades da cidade adotiva
E de suas simples peculiaridades que tanto me simpatiza

Suas ruas estreitas
Seu povo trabalhador que infesta as calçadas pela manhã
A Avenida do Passo que parece não ter fim
Até chegarmos ao porto e ao rio

A cultura histórica enraizada
Presidentes e poetas expoentes
Rillo, Barbará e Os Angüeras
Seus versos de culto à tradição orgulham os mais bairristas

Troca de costumes com a vizinha argentina
Santo Tomé
São Chibos, jogos e festas
Que a ponte facilita

O principal: as mulheres
Atenciosas
Lindas loiras, morenas e maduras
Magras e carnudas

Essas imagens são as primeiras que surgem
Quando arquiteto mentalmente a São Borja
Cidade interiorana
Com qualidades pueris para se viver tranquilamente.

11 março 2010

O renascimento do fogão

Antes tarde do que nunca postar

E quando a maioria dos entendidos em futebol não esperava... O Botafogo foi lá e se vingou do Vasco. Como compensação levantou pela segunda vez consecutiva a Taça Guanabara, o primeiro turno do campeonato carioca.

O Glorioso justificou mais uma vez sua alcunha ao mostrar que nem sempre o time de maior qualidade ganha, e sim, o que apresenta a maior gana de vencer. A vontade se sobrepõe a técnica. Isso acontece e, desde a invenção do futebol, ocorreram incalculáveis vezes.

São os chamados times de raça, assim como o futebol argentino e o uruguaio em que a ambição prevalece à arte. Se é assim, então a estrela solitária estava bem representada com o uruguaio "El Loco" Abreu e o argentino Herrera. Junto com um time mediano, carente de atletas com grife de craque, o fogão se superou e calou as opiniões da imprensa flamenguista do rio.

O comandante da façanha não poderia ser outro, se não Joel Santana. O Rei do Rio, como é chamado, por ser o único a conquistar 11 vezes o campeonato carioca. Pelo seu caráter motivador, mais do que estrategista, conseguiu reverter o desanimo do seu elenco em glorificação.

Resta, merecidamente, as felicitações ao Botafogo campeão da Taça Guanabara de 2010. Um presente aos que acham o futebol arte um tédio, e que sentem mais prazer no sofrimento do futebol combativo.

21 fevereiro 2010

Contra o preconceito artístico

No dia 25 de Janeiro o músico e letrista gaúcho Nei Lisboa, em entrevista ao jornal Zero Hora, esboçou críticas severas à música gaúcha e ao Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). Segundo ele, “tudo em torno” da música gauchesca lhe parece “muito ruim, estética, ideológica e musicalmente”. “A música gaúcha se torna intragável para qualquer pessoa mais esclarecida. (...).

Desde então a polêmica foi engendrada e músicos do gênero, obviamente, não gostaram nem um pouco da declaração do artista caxiense. João de Almeida Neto e César Oliveira rapidamente manifestaram-se com artigos defendendo suas artes e opiniões. Nei Lisboa, por sua vez, escreveu novo texto intitulado de Não aos “patrões da cultura”, acalentando ainda mais o bate-boca.

A apreciação de Nei Lisboa também, como centenas de gaúchos, deixou-me suficientemente intimidado ao ponto de comentar a discussão levantada.

Claro que qualquer tipo de juízo deve ser sempre considerado, afinal, esse é o propósito do pensamento livre. Porém, ele torna-se obtuso quando a crítica é dada de forma totalitária.

Considero-me uma pessoa esclarecida na medida em que respeito as raízes da qual faço parte e esboço as preferências musicais que bem entendo. Minha ecleticidade permite ir da Música Gaúcha Nativista ao Heavy Metal. Não há mais limites. Já foi o tempo em que se buscava uma identidade única.

Qual é o problema de exaltar e cultivar a cultura e o folclore de onde se pertence? Porque não podemos ser orgulhosos da terra onde nascemos e universal ao mesmo tempo? Tenho certeza que muitos músicos que cantam o nativismo possuem essa qualidade, assim como Nei Lisboa também demonstra ao expressar suas produções.

Duvido que Nei Lisboa nunca tenha escutado e considerado admiráveis obras de talentosos como Noel Guarany, Mário Barbará, Luis Carlos Borges, Jayme Caetano Braun; enfim, entre tantos porta-vozes da música regional gaúcha. Engano meu ou Nei Lisboa nunca tocou nas suas músicas em costumes do seu povo, como por exemplo, o chimarrão?

E quanto ao MTG qual o desmerecimento em acarretar normas de qualquer movimento que se disponha a seguir.

Soa clichê, mas é preciso ponderar antes de generalizar. Pois pode se tornar ofensa a quem pensa o oposto.

19 fevereiro 2010

Chega de carnaval!

Quarta–feira de cinzas é um dia que não precisava existir. Nem merece ser vivido. Serve somente para dormir... hibernar para relaxar os músculos que latejam e recuperar os dias e noites de mal sono.

Agora que a euforia já passou e de já estar de saco cheio de carnaval é preciso dar jeito no futuro. Existem coisas mais importantes que ficar cinco dias bebendo e dando gargalhadas resultantes de boas convivências. É ótimo, mas cansa.

Vamos começar agora!

10 fevereiro 2010

Eu até posso estar parecendo um chato, mas é intensamente difícil para mim ouvir e ver a Legião Urbana, e, principalmente, o Renato Manfredini Junior. A emoção e as lágrimas são inevitáveis. A admiração por sua obra e personalidade é clara. Foi, sem contestações, nosso poeta definitivo. Nosso Jim Morrison ou Ian Curtis.

Muitos homofóbicos (as) insistem, até hoje, em não enxergá-lo e não percebê-lo como um mensageiro das coisas que pensamos e a importância dele para nós, esse exército urbano complexo e quase sempre triste.

02 fevereiro 2010

Renato Russo: 13 anos de carência


Esqueça por uns minutos a felicidade. Esqueça esse verão e os sorrisos. Como podemos ser tão egoístas ao ponto de dizer que estamos bem afortunados. Do que adianta. Pense nos famintos! Será que eles estão tão felizes?

Escute a Legião Urbana. Será que já se esqueceram dela... Do Renato? Pensador que abria nossos olhos! Letrista de uma sinceridade corajosa... Despudorada. Pela personalidade que possui, se não tivesse morrido por doença teria se matado fisicamente ou quimicamente... De vergonha da realidade. Nada mudou. Mesmo assim ele faz falta... Por pelo menos sonhar com a mudança.

Sempre que escuto Legião tenho vontade de chorar, e em algumas vezes acabo chorando mesmo, tamanha a emoção ao escutar as palavras de um coração tão aberto.

"É a verdade que assombra, o descaso que condena, e a estupidez o que destrói..."


Perfeição
(Renato Russo)

Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso Estado, que não é nação
Celebrar a juventude sem escola
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião
Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade

Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras e seqüestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda hipocrisia e toda afetação
Todo roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias:
É a festa da torcida campeã.

Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo o que é gratuito e feio
Tudo que é normal
Vamos cantar juntos o Hino Nacional
(A lágrima é verdadeira)
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão.

Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isso - com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção.

Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão.

Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera -
Nosso futuro recomeça:
Venha, que o que vem é perfeição.

Essa diz tudo!!



28 janeiro 2010

Os momentos de celebração passam rápido demais, num instante; e só permanecem as nuvens se locomovendo com suas formas pensativas.

26 janeiro 2010

Esconderijo domiciliar

Sentado numa mesa velha de verniz no quarto abandonado da casa, busco o silencio extasiante e a inspiração para cuspir palavras que completem frases de sentido. Adoro quando chego em casa e não tem ninguém. Vou para esse forte onde fico rodeado de velharias; retratos, álbuns do passado, portas abertas de armários vazios... Nesse lugar pode-se ver a infância, o ciclo... De alguns completos, sejam mortos ou apenas afastados de algum relacionamento vivido. Ao som de sinfonias relaxantes de músicas clássicas tento expressar as imagens autobiográficas que vejo ao fechar os olhos.

Bom senso

A principal qualidade que um trabalhador que trata com clientes deve ter, seja ele um comerciante, um vendedor ou um balconista de supermercado; é a simpatia. Esse adjetivo é essencial para as boas vendas. Mas não aquela alegria falsa, porque isso é perceptível, e sim o comportamento natural. Se não está com a mente reluzente de felicidade e está desanimado ou esgotado, não quer dizer que não possa dar um oi ao freguês. É preferível uma saudação padronizada ao silencio desprezível.

Parafraseando o músico gaúcho Wander Wildner que diz: “eu não consigo ser alegre o tempo inteiro”. É óbvio que ninguém consegue. Isso é inalcançável. Todos têm dificuldades. Uns apenas são mais sensíveis à negatividade que os outros. São os que ruminam o sofrimento. E uma das conseqüências disso é o mau humor. Aquele com o qual já deparou-se no caixa de um mercado. A má vontade, a cara feia, e até o extremo do descontrole emocional: a estupidez.

É tão prazeroso ver uma pessoa em um momento de boa disposição de espírito. Quando apresenta aquele sorriso verdadeiro e te deseja um bom resto de dia. Conduta contagiante, que tem a capacidade de animar, pelo menos por minutos, o mais angustiado dos seres.

A mensagem que penetra, quando esses momentos polidos se sucedem, é a de que ainda existem muitas pessoas puramente bondosas nesse mundo atribulado.

(Escrito no ano passado, em data não registrada)

11 janeiro 2010

Sarau da insanidade

Por Bruna Cosseres, Fábio Gudolle e Nereu Viegas
Temos
Neste momento
Sorte de ficarmos a sós
A ideologia
É brincar

Quando eu te vi eu parei
Porque tu pousou
Pro pôster do meu quarto

Lembrei daquele dia azul
Assuntos sem limites
Eu gosto disso
Totalmente sem nexo
Como cadeiras de Van Gogh

É frio demais para secar teu ego
Loucuras liquidantes
Sob um céu de diamantes

Eu sei o que tu sente
Trutar e comungar
A praga do dia

Toalhas voadoras...
Problemas são bons, para resolver!
Excêntricos como os loucos na noite
Quase tudo que se foi
Foi para nunca mais alcançar
As imagens oculares do mar

Loucuras incessantes
Se fazem comerciais
Sorte do mundo
Detritos do insano submundo

Num dia especial acabou meu isqueiro
Quando tinham cinco bitucas no cinzeiro

Atucanação da sobriedade na noite estrelada
Não me faça perguntas insensatas
Insanos aqueles que pensam loucuras inimagináveis
Bichos da noite fazem sons incessantes

A sabedoria de viver
Faz a minha alma renascer a cada dia ao amanhecer
Seremos absolutos no expresso do amor
Inteiros para saber escolher
O que queremos ser, viver, transparecer

Não seremos os mesmos
Nem queremos ser inexoráveis

Do mundo sarei
Basta aproveitar
O presente que virá
Silêncio gritante no momento inoportuno.

08 janeiro 2010

O reggae no verão e a Cidade Negra

Não adianta. O gênero musical que mais combina com o verão é o reggae. Esta batida do coração em forma de música que os jamaicanos, e principalmente, Bob Marley jogaram para o mundo.

Música sedativa, que expressa protesto e amor; esta seria uma adequada definição para ela. Uma das coisas mais prazerosas é escutar uma regguera roots numa praia sossegado. Os regueiros guerreiros entendem e sentem esse encanto. A banda americana Sublime também resulta numa boa combinação.

Num desses dias de calor intenso de janeiro, na hora ritual do mate, um amigo coloca um álbum que a muito não ouvia: Sobre Todas as Forças, da Cidade Negra. Um álbum clássico dos anos 90 que fez muito sucesso comercial.

A Cidade Negra foi uma das primeiras bandas do Brasil que tinham como principais fontes o reggae a aparecer na mídia. Ao misturar à base regguera o pop rock conquistou o público com um hit atrás do outro. E que hoje já não tocam mais nas rádios ou na teve. Em 2006, Tony Garrido saiu da banda e foi substituído por Alexandre Massau (Berimbrown, Preto Massa). Continuam fazendo shows, mas praticamente estão no ostracismo por motivos incertos.

Mas no auge da sua fama, quem não se lembra de “Falar a Verdade” (Ei ei estamos aí, pro que der e vier...) essa ainda com Ras Bernardo nos vocais, o primeiro frontman da banda; de “Querem Meu Sangue”, a versão para The harder They Come do Jimmy Cliff, letra que possui um grande alto astral; a parceria com Shabba Ranks em “Downtown” (Eu fui, eu fui, eu fui, pro outro lado de lá...); “Doutor” (Oh doutor vai ter que me ajudar...); e por fim as duas que mais marcaram, “Onde Você Mora?” e “Pensamento”.

Todas essas citadas e mais tantas, embalaram muitas festas juvenis nos anos 90 e que hoje, infelizmente, não tocam mais, a não ser no meu som, e claro, no verão.



Sobre Todas as Forças (1994)
01. Mucama
02. Querem Meu Sangue
03. Downtown
04. Luta de Classes
05. Minha Irmã
06. Doutor
07. Onde Você Mora?
08. Sombra da Maldade
09. Casa
10. Pensamento

06 janeiro 2010

A nova diva pop



A artista internacional mais marcante do ano que passou foi Lady Gaga. Suas composições, sua criatividade e suas performances comprovam sua genialidade.

Gaga faz com que Britney Spears, Cristina Aguilera e afins fiquem muito aquém em matéria de talento. O fato de ser estudiosa de música e arte, e pianista notável dão créditos suficientes para não ser chamada de somente mais uma cantora pop.

Suas músicas não são estáticas. A cada apresentação, novas versões. Essa característica à distancia da monotonia e à torna diferente.

Talvez o rótulo “Nova Madonna” não seja apropriado. É bem mais crível que ela seja mais completa que a antiga diva pop.