Lembro com
exatidão a noite que Tim Maia morreu. Tinha lá uma década de idade. Naquela
noite posei na casa do meu tio e lembro-me de ver no noticiário o acontecimento
infausto. Pensei: morreu um famoso da teve. Só isso. E fui dormir.
Passado uns
cinco anos, já ligado em música, fui perceber o que aquele mulato, gordo e
engraçado representava: um dos maiores gênios da música. O Rei do Soul
brasileiro.
Sebastião
Rodrigues Maia elevava seu talento ao limite. Inovou ao trazer suas raízes americanas
do soul, funk, latinidade e psicodelia para o Brasil. Misturou no
liquidificador com xaxado, baião, samba e chocolate e serviu batidas dançantes,
felizes e depressivas à massa.
Tião era um
artista nato. Um arranjador incomum e complexo. Sempre acompanhado de músicos
competentes, conseguiu aliar sua desorganização emocional e informação musical
em cultura rica.
Não há música
oca em sua discografia. São estratos recheados de grooves, suingues e balanços
que empolgam o mais rabugento, e também baladas que emocionam o mais casca
dura. E todas simetricamente aparadas pela sua voz de rocha.
As obras
Racionais são inatingíveis em termos de qualidade instrumental e de banda
afiada.
Tim Maia é
tudo... E nada é nada.