09 novembro 2015

Tim Maia pode viver para sempre


Lembro com exatidão a noite que Tim Maia morreu. Tinha lá uma década de idade. Naquela noite posei na casa do meu tio e lembro-me de ver no noticiário o acontecimento infausto. Pensei: morreu um famoso da teve. Só isso. E fui dormir.

Passado uns cinco anos, já ligado em música, fui perceber o que aquele mulato, gordo e engraçado representava: um dos maiores gênios da música. O Rei do Soul brasileiro.

Sebastião Rodrigues Maia elevava seu talento ao limite. Inovou ao trazer suas raízes americanas do soul, funk, latinidade e psicodelia para o Brasil. Misturou no liquidificador com xaxado, baião, samba e chocolate e serviu batidas dançantes, felizes e depressivas à massa.

Tião era um artista nato. Um arranjador incomum e complexo. Sempre acompanhado de músicos competentes, conseguiu aliar sua desorganização emocional e informação musical em cultura rica.

Não há música oca em sua discografia. São estratos recheados de grooves, suingues e balanços que empolgam o mais rabugento, e também baladas que emocionam o mais casca dura. E todas simetricamente aparadas pela sua voz de rocha.

As obras Racionais são inatingíveis em termos de qualidade instrumental e de banda afiada.



Tim Maia é tudo... E nada é nada.