Por que é mais fácil se perder do que enfrentar? Um momento de sorriso basta para sentir que a vida não está disparando atoa. É preciso procurar se ater nos nossos prazeres simples. Nos subterfugiarmos neles. A vida apesar de pesada, temos com que aliviá-la nas nossas identificações artísticas, que nos dizem e fazem sentirmos muito.
A música é uma válvula de escape, mas não prestes a fundir assim como o álcool o é. Independente do estilo, externo ao preconceito; cada um se apoia no sua preferencia de boa sensação.
Há os metaleiros, que libertam sua alma num som mais pesado e rasgado, por outro lado os regueiros que buscam o relaxamento do espírito nas mensagens positivas e na ritimia calmante – como o do coração – que o gênero proporciona.
Ambos não são só estilos, mas sim uma crença propulsora. Respeito
E assim seguimos. Se desviando da agonia e atrás de prazer.
Depois de oito dias a memória ainda está fresca e vez por outra se hipnotiza nas lembranças do que aconteceu. A mística noite de 11.11.11 vai ficar retida na mente de muitos que presenciaram o tão aguardado concerto da banda de rock americana Pearl Jam, em Porto Alegre. Os que foram em 2005 não perderiam mais uma chance de desfrutar de perto o momento de satisfação. E os que se arrependeram de não terem ido naquela ocasião, teriam a chance de sentirem a sensação da música e de tudo que permeia os shows imprevisíveis do grupo americano.
Então, o que se viu foi cerca de 20 mil pessoas – jovens, adultos, homens e mulheres – lotarem as arquibancadas, cadeiras e a pista do Estádio Passo D’Areia; casa do clube de futebol São José de Porto Alegre. Se deslocarem de suas cidades e passarem todo o dia na fila, aguentando o sol quente de primavera, não era de jeito nenhum um incomodo. Visto que, veriam ao vivo e escutariam em um som potente a sua banda favorita.
O ambiente era de felicidade e curiosidade no semblante de cada um que esperava ansioso, sentado ou de pé, na pista em frente ao palco gigantesco do show. Perto do horário marcado da apresentação principal todos já estavam a postos e inquietos pelo momento. Mas enquanto ele não chegava a multidão curtia a performance animada da banda X, veteranos do punk e que abrem essa turnê comemorativa do Pear Jam. Foi quando a primeira surpresa da noite aconteceu: durante a música Devil Doll, no show da banda de abertura, Eddie Vedder aparece humildemente no palco e provoca o primeiro alvoroço na multidão ao cantar junto com o grupo.
A hora da experiência
Após a apresentação da banda X a hora tão esperada não demorou a chegar.
Pouco depois das 21h a banda entrou em cena, e com a multidão em gritos abriu com o soco de Why Go, do álbum de estreia Ten, levantando a plateia entusiasmada. Emendou na mesma intensidade com Do The Evolution, e o resto foi uma lavagem de singles e sucessos de todos os 20 anos de carreira da banda. Com a característica e o dom de oferecer um show único em cada lugar, o set list intercalou baladas e petardos bem enérgicos recheados de riffs com a perfeita simetria dos integrantes.
Eram ondas de pulos, cabeças balançando, braços pra cima, palmas, cantos em uníssono, gritos de satisfação em cada intervalo dos temas, fãs que não acreditavam que aquilo estava acontecendo. Enfim, todo aquele misto de ações e sentimentos que uma ótima banda proporciona.
O equilíbrio da lista de músicas, sucessos recentes e os já consagrados, foram a tônica do show. Porém, existiram muitos picos na apresentação, como: na bela Given To Fly e em seguida Even Flow, que colocou o público pra pular; na jovial State Of Love And Trust, relembrando o filme Vida de Solteiro; e colada à ela Black, uma das mais marcantes e românticas de toda a carreira da banda.
Eddie se mostrou muito interativo com a plateia durante todo o espetáculo. Leu em folhas brancas, no seu português arranhado, elogios aos fãs brasileiros: “Vocês são o melhor público do mundo”, e fez uma promessa: "Vamos sentir saudades. Mas prometo que vamos voltar logo".
Um dos momentos mais emocionantes da apresentação foi a homenagem que o cantor fez a sua mulher Jill, que aniversariava na mesma data. Eddie pediu para todos cantarem “Parabéns a Você” e foi aquele estádio inteiro cantando e batendo palmas, e Eddie acompanhando também em português. Na sequencia, dedicou à sua mulher a linda canção Just Breathe, certamente arrancando lágrimas de muitos.
Em certo intervalo de uma música para outra, fez-se um silêncio e o público é pego de surpresa com Oceans, que raramente é tocada ao vivo. O que restava era fechar os olhos e sentir a vibração da música e da voz de barítono de Eddie Vedder.
Como é corriqueiro nos shows da banda tocar algum cover, Vedder homenageou seu amigo falecido Johnny Ramone e mandou I Believe In Miracles, fazendo o público cantar com furor o refrão de esperança.
A apresentação poderia acabar na cultuada Rearviewmirror, mas as músicas pareciam não parar nunca. Felizmente.
Então se ouviu um coro de vozes: Jeremy! Jeremy!
Ainda não era a hora. E sim, da radiofônica Last Kiss e de Better Man.
E veio a trinca que definitivamente enlouqueceu os fãs. Jeremy, Alive e Rockin’ In The Free World (Neil Young) estremeceram o Estádio, com uma multidão de vozes cantando os refrãos em harmonia.
Indifference e Yellow Ledbetter encerraram uma noite longa de celebração e milagre através da música. Foram 2h e 45min inesquecíveis... De uma sublimação da alma.
A banda mostrou um desempenho impecável. Eddie Vedder cantou com vontade, e como sempre, muito mímico. Até ameaçou subir na estrutura do palco, como fazia nos tempos em que era mais jovem. Percebeu-se a doação ao máximo de todos os integrantes. Tudo pela gratidão aos seus admiradores fiéis.
A verdade é que se torna muito difícil passar a sensação em palavras. Só quem presenciou sentiu o contentamento de ver de perto uma das mais talentosas bandas de rock do mundo.
Daqui três dias, no simbólico 11/11/2011, matarei o arrependimento de quando pecaminosamente perdi a chance de ver ao vivo uma das bandas que marcaram minha adolescência e iniciação de gosto musical: o grupo americano Pearl Jam. Na ocasião corria o ano de 2005, e por comodismo deixei de presenciar a primeira apresentação da banda na terra gaúcha de Porto Alegre.
Seis anos depois a oportunidade aparece e dessa vez não poderia, por nada, deixar escapar esse momento. Perl Jam... Lembro-me dos meus doze anos de idade... Um adolescente fascinado pelo recente gosto pela música e pela atitude do rock. O hit “Even Flow” foi um dos primeiros videoclipes que vi e que me deixou extasiado. O inicio em alta do som cru da música aliado com a interpretação jovem e empolgante de toda a banda, principalmente do líder Eddie Vedder, e a cena deste mesmo escalando a estrutura do palco e pulando na plateia; são imagens que fizeram com que virasse um grande apreciador dessa banda de Seatlle.
Pearl Jam é uma das raras bandas capazes de adquirir o respeito de qualquer um que goste de rock and roll, independente de preferencias estilísticas. Pela trajetória ondulatória do grupo. Pelo modo como trataram o exagero da mídia, sem serem tragados e lobotomizados por ela. Pela luta em defesa dos fãs, contra o preço excessivo dos ingressos. Pelos apoios em campanhas e ativismos. Pela força de vontade em continuar quando estiveram a um passo de desistirem, por causa da tragédia do festival dinamarquês Roskide em 2000, quando nove fãs da banda foram mortos pisoteados e sufocados.
Com 20 anos de carreira, o Pearl Jam conseguiu refletir sobre as lições que empilharam, deram um tempo necessário para isso. Não deixaram que as experiências negativas se sobressaíssem à paixão de tocar, de se expressarem verdadeiramente e de darem grandes espetáculos aos seus seguidores.
Claro que os músicos já não estão nas suas melhores formas do inicio da carreira, como no Pinkpop de 1992 (uma das performances mais marcantes da banda). Mas o espírito é o mesmo, mais maduros tanto musicalmente como mentalmente.
Sexta-feira, felizmente, irei presenciar de perto essa vibração de um concerto do Pearl Jam. A guitarra rítmica de Stone Gossard, os solos de Mike McCready , o baixo de Jeff Ament, as batidas de Matt Cameron; e, especialmente, a voz desigual e a sinceridade da poesia de Eddie Vedder.
Será uma noite inesquecível. Tenho certeza.
Abaixo, dois ótimos videos de épocas distintas da banda:
Não, não se trata da solução de matemática, e sim de uma banda jovem carioca. De 2006. É um grupo de vocal feminino que faz um pop rock agradável. Duas mulheres e um homem, um trio de 20 e poucos anos com a parte dos olhos pintados com algumas das cores do arco-íris, fazem uns sons liderados pela voz suave de MPB de Mariana Volker e seu teclado. Instrumento pouco utilizado atualmente no rock nacional.
Cantam sobre histórias de relacionamentos e de dúvidas ao levar a vida. Letras simples e tão belas estão inseridas em melodias contagiantes. Às vezes, mais acentuadas pelo baixo de Valentina Zanini, noutros temas mais pelo teclado de Mariana. Completam a banda imaginária, Leo Vilhena que fica a cargo das bases da guitarra. A bateria fica a cargo de Leo Morel. Fausto Prochet, ex-baterista do Matanza, também já fez parte da equipe.
De acordo com o release de apresentação a banda é influenciada pelo rock (nacional e internacional) dos anos 80 e 90, MPB, do samba, e até (acreditem!) pelo punk. Essa miscelânea de referencias pode tornar a sonoridade da banda agradável a variados tipos de público.
Comparar com quem? Lembra Pato Fú, só pelo vocal feminino, mas com muito mais pegada. Os dois primeiros hits,“Montes Claros” e “Madalena” são uns grudes bons. Com harmonias radiantes e felizes como um domingo de campos verdes. Mas, cuidado, as mensagens não são tão altivas quanto as músicas. “Montes Claros” vai depender do seu estado do coração, porque faz sentido ou fará pra todos, universalmente; e “Madalena” versa sobre a depressão na passagem adolescente-adulto.
No primeiro semestre de 2009 a banda lançou um compacto com cinco músicas. E em dezembro do ano passado, 2010, lançaram seu primeiro trabalho “Alquimia”; produzido por Leo Guimarães, que também tocou teclado e piano em algumas faixas. Um título que cabe, pois se pode entender, ou sentir, que as músicas e a proposta da banda busquem o “elixir para uma longa vida”.
Se pudéssemos transcrever nossos sonhos no momento em que eles acontecem... Imaginem as histórias fantásticas – com nexo ou não - que iam resultar.
O devaneio noturno é um dos impulsos naturais mais interessantes e misteriosos da vida humana. Como que nossa mente é capaz de criar imagens, aparentemente, tão reais enquanto dormimos? Se nem mesmo de olhos abertos conseguimos pensar e resgatar na memória um rosto ausente com nitidez.
As inquietudes que o ato de sonhar causa no homem faz com que ele se entrelace em uma teia de questões sem resposta. Eternamente.
29/09/2010
04 novembro 2011
A música "Linha Vermelha", da banda carioca O Rappa, transmite uma paz... Sua letra e melodia chegam perto de um tema religioso.
Emana mensagens sobre gratidão, persistência e coragem para sobreviver. Uma verdadeira louvação.
Curte o vídeo na Toca do Bandido e com a participação especialíssima do saudoso produtor, Tom Capone.
Linha Vermelha
(O Rappa)
Fecharam a linha Vermelha
fecharam a linha amarela
fecharam a Avenida Brasil
grajau - jacarepagua
e também o Anil
Alto da Boavista, Vista
chinesa, paineiras
mandaram esperar
Sentido Lagoa - Barra
Niemeyer
Tem que recomeçar
Tem que construir
Tem que avaliar
E ter hora pra agir
No último banco do ônibus de linha, à noite, no escuro total; via somente o céu cinza contrastado com os campos inteiramente plantados. Fazia pela incontável vez o trajeto Itaqui-São Borja. Não costumava viajar no das nove e quinze da noite. Os passageiros eram poucos. O silencio era gritante e só se ouvia o barulho do motor. Nem mesmo as luzes dos números dos assentos estavam acesas.
Por menores à parte o importante foi o fato de que pela primeira vez fiz a viagem hipnotizado, através da janela, pela paisagem soturna da noite. Durante pouco mais de uma hora raramente tirei o olho da estrada e seus sinais momentâneos de veículos.
Como de costume, os fones de ouvidos estavam enfiados nas orelhas reproduzindo no volume máximo um trash metal furioso. A banda que tocava no celular era Anthrax e o álbum Amog the living, uma obra de muita qualidade do metal dos anos 1980.
É espantoso como a música, às vezes, se encaixa perfeitamente na situação. Não em termos de letra, mas sim de melodia. Aquele conjunto instrumental veloz traduzia o momento de privacidade e escuridão.
Quando perco o sono no meio da madrugada, na maioria das vezes, não tenho paciência em tentar dormir novamente. Então, obedeço a minha vontade de ficar acordado para poder aproveitar o tempo para ler e ou escrever. Conhecer novos conhecimentos
Ver o nascer do sol deixa-me com a impressão de estar mais vivo e potente.