29 março 2009

Orgulho do gauchismo

Manhã de domingo
Mateando solito
A carne descongela
No sol que bate no meu ninho

O nativismo ressoa no rádio e na tevê
Senhor! Não deixe que as tecnologias façam das tradições do gaúcho um mito
Que o sapucay sempre seja um colírio pros ouvidos
Mazoigalêteee!!

Descascar uma corda de fumo
Dar um corte na branca
Encher o bucho de carne
E engraxar o bigode de granito

Bom começo para um dia de domingo
Diga-me qual outro costume é mais bonito!?
Aonde quer que esteja sempre irá transparecer as raízes
Ser gaúcho não é somente ter nascido nessa pátria
E sim cultivar essas matizes

É mais que um Estado, é um estado de espírito...
Um país à parte
Viva o Rio Grande!!
Muchas Gracias aos antigos.

Vitor Ramil - Loucos de cara

Nunca é tarde para descobrir. Que música! Essa é de uma inteligência impar. No auge de uma inspiração divina. Impressionante. Na primeira audição me conquistou. Soou como um hino universal. Por favor! Escutem a música!

Vem
anda comigo
pelo planeta
vamos sumir!
Vem
nada nos prende
ombro no ombro
vamos sumir!

Não importa
que Deus jogue pesadas moedas do céu
vire sacolas de lixo pelo caminho
Se na praça em Moscou
Lênin caminha e procura por ti
sob o luar do oriente
fica na tua
Não importam vitórias
grandes derrotas, bilhões de fuzis
aço e perfume dos mísseis nos teus sapatos
Os chineses e os negros
lotam navios e decoram canções
fumam haxixe na esquina
fica na tua

Vem
anda comigo
pelo planeta
vamos sumir!
Vem
nada nos prende
ombro no ombro
vamos sumir!

Não importa
que Lennon arme no inferno a polícia civil
mostre as orelhas de burro aos peruanos
Garibaldi delira
puxa no campo um provável navio
grita no mar farroupilha
fica na tua
Não importa
que os vikings queimem as fábricas do cone sul
virem barris de bebidas no Rio da Prata
M´boitatá nos espera
na encruzilhada da noite sem luz
com sua fome encantada
fica na tua

Poetas loucos de cara
Soldados loucos de cara
Malditos loucos de cara
Ah, vamos sumir!

Parceiros loucos de cara
Ciganos loucos de cara
Inquietos loucos de cara
Ah, vamos sumir!

Vem
anda comigo
pelo planeta
vamos sumir!
Vem
nada nos prende
ombro no ombro
vamos sumir!

Se um dia qualquer
tudo pulsar num imenso vazio
coisas saindo do nada
indo pro nada
se mais nada existir
mesmo o que sempre chamamos
REAL
e isso pra ti for tão claro
que nem percebas
se um dia qualquer
ter lucidez for o mesmo que andar
e não notares que andas
o tempo inteiro
É sinal que valeu!
Pega carona no carro que vem
se ele é azul, não importa
fica na tua

Videntes loucos de cara
Descrentes loucos de cara
Pirados loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Latinos, deuses, gênios, santos, podres
ateus, imundos e limpos
Moleques loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Gigantes, tolos, monges, monstros, sábios
bardos, anjos rudes, cheios do saco
Fantasmas loucos de cara
Ah, vamos sumir!

Vem
anda comigo
pelo planeta
vamos sumir!
Vem
nada nos prende
ombro no ombro
vamos sumir!



26 março 2009

O falso bem-estar do sono

Dormir é bom. Bom é pouco, é ótimo. Quem não aprecia tirar uma pestana depois do almoço? Mesmo tendo que ser não mais que meia horinha, antes de regressar à labuta novamente. Esse mísero descanso já renova a disposição... Relaxa os músculos. Mas claro que fica sempre aquele gostinho de querer repousar mais. Como é prazeroso quando se pode fazer isso!

Felizes são os argentinos que adotaram o início do horário comercial às 16h. São capazes até de colocarem pijamas para sestear. Podem os chamarem de preguiçosos, mas duvido que se acontecesse o mesmo aqui não ficaríamos satisfeitos. Assim, poderíamos gozar daquele sono profundo da tarde, mais tranqüilos. Até sonharíamos.

Enquanto se é somente um mero estudante, as chances de tirarmos essas sonecas são mais fáceis. Mesmo estando atrelado de tarefas, chega um momento que não resistimos ao olharmos para a cama e pensamos: Ah! Que mal tem deitar e descansar um pouquinho!? E então, quando você abre os olhos depara-se com o crepúsculo e perde um tempo que poderia ter sido bem aproveitado para adiantar os trabalhos.

Particularmente, sinto-me culpado quando acontece essa situação - dormir mais que o necessário. Não entendo como existem pessoas que não dão a mínima e priorizam o passatempo, deixando suas responsabilidades em segundo plano. Sinto-me inútil se ao final do dia chego a conclusão que não produzi nada... Não realizei nada de benéfico para o meu intelecto.

Adormecer fora do horário de costume é uma tentação e também um refúgio (infeliz) no caso de desmotivação. Aquele dito popular realmente é verdadeiro: a preguiça é um dos maiores inimigos do homem. Portanto é necessário sempre afrontá-la. E como fica o prazer de dormir? É preciso saber equilibrá-lo.

24 março 2009

Uns Pitos

Noite de domingo bem vivido
Em São Borja
Pito um palheiro na janela de casa
Só pra fazer fumaça, sentir o cheiro e o gosto do fumo amarelo

As vizinhas em frente não sentem nada
Nem mesmo o cheiro,
Tampouco a presença de um espião

A arte de fechar um palheiro de corda...
Faz-nos recordar os tauras na madrugada dentro dum galpão
Tomando canha, contando causos ao redor de um fogo de chão

A boca secou
A ponta da língua ardeu
Os dedos já amarelaram
E o fedor do fumo queimado impregnou nas unhas e mãos

Obrigado Senhor!
Pelas cervejas e os palheiros de cada fim de semana.

23 março 2009

Meditação de uma noite qualquer

Escutar um jazz antes de dormir
Na companhia de uma dose de uísque amigo
Faz relaxar o corpo e se despreocupar...
Consigo... Eu consigo!

Afasta os infortúnios
Enche-nos de esperança e vontade
De seguir sempre avante
Sem medo de buscar o rumo da tranqüilidade

Se for um jazz na voz de Elis...
Arrepia os pelos do corpo
Provoca um susto na emoção
Seu timbre faz a gente dormir orgulhoso e feliz.

12 março 2009

Para a felicidade, ou não, dos seus torcedores: Grêmio vence em partida decisiva e Celso Roth permanece

Como era de se esperar, o Grêmio, apresentou um futebol razoável na Colômbia, ontem, contra o Boyaca Chicó. Conseguiu chegar à vitória de 1 a 0, somente em uma bola parada. É verdade que a atuação foi mais estável e organizada que os dois jogos anteriores, porém não satisfez 100% os gremistas.

Roth pressionado pela torcida e direção montou o time com um esquema aceitável (3-5-2). Levando em consideração que a equipe possui em seu plantel cinco avantes. O treinador caiu na real que a tática 3-6-1 é loucura.

O tricolor entrou em campo com fome de bola, criou muitas chances de gol, mas a notória falta de qualidade de finalização impediu a abertura do marcador. Muitos passes errados fizeram com que o time colombiano jogasse de igual para igual em certos momentos do primeiro tempo. O gol só saiu de uma jogada individual aos 31 min em uma arrancada de Souza que acabou derrubado na entrada da área. Habilidoso em cobranças de falta, o meio-campo chutou forte no canto direito do goleiro Prono, sem chance de defesa para tal.

Depois de abrir o placar, o Grêmio provou a sua superioridade até o final do jogo, ainda mais depois que Mahecha foi expulso por simulação aos 24 min do segundo tempo. Atacava sem parar. E novamente errava gols inacreditáveis. Como na primeira partida contra o Universidad do Chile, foi um festival de gols perdidos, 10 dessa vez.

Jonas e Herrera foram os protagonistas de quatro lances de gols imperdíveis. Em um dos ataques, Jonas perdeu, na sequência de um mesmo lance, três gols feitos. Esse desperdício de gols por jogo está se tornando costume. Se contabilizarmos as duas partidas da Libertadores, foram 25 gols perdidos. Surge, então, uma nova indagação: será que esses desacertos são culpa do técnico?

Celso Roth respirou aliviado. Safou-se da demissão e ficará agora durante toda a competição sul-americana. Até porque seria um equívoco tirá-lo no meio da competição. Dificilmente daria tempo para a equipe se readaptar ao trabalho de um novo comandante. O Grêmio, por sua vez, foi o de sempre, com dificuldades para ganhar, o que já é natural. A cada jogo, um novo sofrimento para os gremistas.

06 março 2009

Ganhou o melhor e mais corajoso

No GreNal de número 375, que valia o título do primeiro turno do Gauchão, novamente o inter foi superior e esmagou o seu rival em seu território. Os jogadores do Grêmio estiveram no gramado somente de corpo presente, mentalmente pareciam perdidos, inoperantes, desmotivados. Um dos possíveis pretextos para tal atitude do time foi a entrevista dada pelo seu técnico na véspera do clássico. Celso Roth tratou o duelo com desdém, dando ênfase à libertadores.

Posicionamento infeliz. Como que um técnico, antes de uma final, seja ela de qualquer proporção, vai dar visivelmente importância à outra? Isso abala qualquer equipe! É preciso ter ambição de vitória, e passá-la aos jogadores, a cada partida. Virtude que falta e muito ao comandante do Grêmio.

Não bastando o erro, Roth deixou os gremistas, sem exceção, irritados ao insistir no esquema insensato e pífio de 3-6-1, que já não tinha dado certo na estréia da libertadores. Um conglomerado no meio-de-campo e o isolamento do ótimo centroavante Alex Mineiro, que nada pôde fazer, foi o resultado da inacreditável tática.

“Mas o que é isso? O Grêmio até parece treino da categoria fraldinha... Todos correndo atrás da bola!”, este foi um comentário gritado de um gremista inconformado ao meu lado.

Assim, o Internacional, com facilidade se aproveitou da atrapalhada do técnico tricolor e a consequente ineficiência de seu time. Encurralou o adversário. Tomou conta do jogo. Pressionou incessantemente, e só não marcou porque Victor outra vez foi milagroso, defendendo três chances claras de gol do Inter. E cá entre nós, apaixonados por futebol, time que geralmente o goleiro é o único destaque na maioria dos jogos, não pode mesmo estar bem!

No inicio do segundo tempo, a situação do jogo continuou a mesma; para alegria da metade vermelha do Estado e aflição da parte azul. Só depois que Índio (agora goleador em grenais com quatro gols) abriu o marcador procedido de uma bola parada e presenteado por uma linha de impedimento burra tricolor, que Celso Roth mexeu no time. Jonas foi colocado e deu uma melhora no conjunto, como sempre acontece. Com o esforço dele que saiu o gol de empate, ao escorar a bola na entrada da área para Alex Mineiro. O centroavante não pensou duas vezes e chutou no ângulo. Gol belíssimo, digno de um exímio artilheiro.

Quando a igualdade deu uma esperança aos gremistas, Roth mais uma vez errou a mão e tirou o lateral Jadílson e colocou Héverton. Um zagueiro! O cúmulo da covardia. Aí a lambança foi geral. O tricolor gaúcho não esboçou mais nenhuma perspectiva de reação. Então o Inter, soberano, como foi no jogo inteiro e com a apresentação excelente de todos os seus jogadores, se esbaldou como antes. Decretou a vitória merecida aos 32 minutos com Magrão de cabeça. O resultado foi justo e o Inter deu uma aula de futebol e ousadia no Grêmio.

Ao final do jogo, Fernando Carvalho pôde, finalmente, suspirar e se despreocupar. O seu time do coração levantou a taça que leva seu nome. Agora sim, o Grêmio é freguês do Inter e é obrigado a vencer o segundo turno do certame, a taça Fábio Koff. É o mínimo que pode dar de recompensa aos anos vitoriosos que ele dedicou ao clube.

Celso Roth (que perdeu a quarta para Tite), admitiu que não errou ao usar o esquema e disse que foi um teste. Ora, todo mundo sabe que GreNal não é a melhor hora para testar a equipe!

A torcida gremista, quer a cabeça do técnico. No dia 11, Roth tem sua última chance de permanecer no Olímpico. Na próxima empreitada do Grêmio na Libertadores, contra o Boyacá Chicó da Colômbia. Se não ganhar, é quase certa sua demissão; por incompetência

02 março 2009

Uma apresentação arrebatadora


O belíssimo show acústico, Skin and Bones, da banda americana Foo Fighters, registra parte da turnê do álbum duplo In your Honor de 2005. Ganhador de Disco de Ouro no Brasil. Gravado no Pantages Theater em Los Angeles em 2006, o álbum e o dvd não mostram a apresentação habitual enérgica da banda, mas sim um concerto intimista e hipnotizante.

Transmitido de forma condensada pelo canal Multishow no final do mês passado, ele não perde seu valor, muito pelo contrário só instiga a vontade de adquirir o material e apreciar o espetáculo em seu total.

No set list, músicas do quinto trabalho do conjunto e sucessos consagrados, como: Big Me, Times Like These, Best of you e Everlong. Todos com uma releitura nova, desplugada. O que não deve ter sido um grande desafio para a banda, já que o seu líder – Dave Grohl – é um dos mais completos e talentosos músicos do planeta; e ainda por cima poder contar com uma ótima banda de apoio. Para dar um toque clássico na performance, instrumentos eruditos foram adicionados na maioria do repertório.

O cenário só colabora para a atmosfera introspectiva e agradável do espetáculo, com luzes levemente azuis e tapetes simples avermelhados. “Comprados na beira da estrada”, como diz Dave Grohl em mais uma de suas interações com a platéia – sempre no intervalo de cada música.

Os melhores momentos estão nos sucessos de qualidades indiscutíveis: My Hero, o hino composto em homenagem a Kurt Cobain acabou ganhando um solo lindo de teclado, deixando-a mais bela do que já é; Next Year, o acordeão se encaixa perfeitamente na versão; Times Like These, a balada que é abastecida com uma harmonia emocionante e uma letra que fala de entrega, das lições que aprendemos com um amor acabado e principalmente de saber recomeçar, na ocasião ela ganha um toque mágico de violino; por fim, a romântica Everlong com seus acordes iniciais inesquecíveis e o seu discurso de espera e de desejo latente por uma mulher.

Embora o show tenha a finalidade de ser brando, Dave Grohl não esquece que o seu melhor negócio – e o da banda – é o rock and roll de verdade, levemente pesado. Por isso, durante a apresentação acaba não agüentando a monotonia e balança a cabeça nas músicas mais agitadas, enquanto que Taylor Hawkins o acompanha descendo o braço na bateria.

Skin and Bones não se trata de um show somente para os fãs do Foo Fighters, nem tampouco para aqueles que idolatravam nirvana e só por isso se interessam por Dave Grohl e sua banda. Mas agradável para qualquer alucinado por música!

Muitos falarão que estou sendo extremamente hiperbólico, mas é mais que um simples show. É um daqueles espetáculos contagiantes... de visualizar com toda a atenção e que, poderá, lhe levar a entrar num clima de comoção através das letras inteligentes e melodias amortecedoras de Dave Grohl e de seus companheiros.