Quatro da manhã
Madrugada de segunda
Acordado
Enquanto todos dormem para estarem dispostos a afundarem no
trabalho pela manhã
Por prazer ou por obrigação
Para manterem suas vidas de segurança
Aproveito o prazer da noite
Do encontro do eu com eu mesmo
Escrevo
Na frente do fogo da lareira, da tevê e com uma garrafa
solitária de cerveja nas mãos
Anormal?
Para mim não
Pois esse é o meu eu verdadeiro
Com a companhia da solidão
Assim sigo
Sem tentar fingir o que não sou
À noite sinto-me mais vivo
Mais cheio
Mais confiante a cada criação
A cada pensamento inventivo
A cada transposição em palavras a minha confusão
Mais uma tragada, mais uma baforada, mais um gole e mais uma
palavra
Uma tosse e o amargo da fumaça na garganta
Meus dedos estão ficando para sempre amarelos devido a combustão
Amanha acordarei e mais uma vez tentarei fazer algo de útil
para o futuro
Algo que dê satisfação aos meus alheios
Algo que dificilmente me convém
Só para parecer preocupado e natural
Mais uma masturbação para relaxar
Com uma música calma adormeço
Com mil bagunças lá dentro, do pensamento
É impossível relaxar totalmente
Uma má noite para vocês
Incompreendidos.