31 julho 2013

The Frames: uma banda irlandesa ignorada no Brasil


A banda The Frames é originária de Dublin, na Irlanda. Parte do mundo um tanto esquecida artisticamente, mas berço de grandes como Rory Gallagher, Gary More, Thin Lizzy, do famoso poeta Van Morrison, e da potência comercial, U2.

Foi constituída pelo músico, compositor e ator Glen Hansard. Atualmente fazem parte, além dos fundadores Hansard (vocal principal e guitarra) e Colm Mac Con Iomare (teclados e violino); Joe Doyle (nas quatro cordas), Rob Bochnick (na outra guitarra) e Graham Hopkins (nas baquetas).


A banda debutou nos palcos em um festival de música irlandesa, na capital, em 1991. No mesmo ano deram um tempo, devido ao vocalista se ausentar para se dedicar nas gravações do filme The Commitments, do diretor Alan Parker (O Expresso da Meia-Noite, Pink Floyd – The Wall). No longa, Hansard fazia parte de um conjunto de músicos inexperientes. Ele voltaria às telas 15 anos depois, desta vez como protagonista, interpretando um músico de rua (ao natural, pois já foi um) no filme, Apenas uma Vez (Once). Película da qual lhe rendeu o Oscar de melhor música, com a doce ”Falling Slowly”.

Com a produção de Gil Norton, conhecido por trabalhar com os Pixies, a banda deu inicio a sua carreira de referencia com o excelente álbum Another Love Songs. Hoje, depois de pouco mais de duas décadas de estrada, são reverenciados, injustamente, somente no seu país natal.

Lembra The Waterboys e é bastante semelhante com Damien Rice. Mas há momentos de agitação na sua música, com bastante riffs rasgados, que remete ao rock alternativo da cena irlandesa dos anos 1990, junto com Swampshack e Turn. Porém, o lado atraente mesmo é o violino e o estilo um pouco folk pop de suas baladas, sempre presentes em algum momento em todos os seus seis álbuns lançados. E é nesse aspecto que está a maior qualidade do grupo, e principalmente de Hansard: a capacidade de fazer canções suaves que deveriam ser mais populares. Ou não. Talvez, se isso acontecesse perderíamos o entusiasmo.

Nota-se que são bons músicos que podem transitar por diversos estilos do amplo e vago gênero musical. Sua qualidade é inegável, visto que já foram banda de apoio do ícone Bob Dylan em alguns shows em 2007.

Um detalhe interessante é que costumam em suas apresentações incluírem trechos de sucessos de artistas renomados em meio a suas canções, como uma forma de homenagem. Fizeram isso com “Redemption Song”, do Bob Marley; “Ring of Fire”, do Johnny Cash; a tradicional “Lilac Wine”, de James Shelton (eternizada por Nina Simone e Jeff Buckley); e a mais improvável, “Pure Imagination”, da trilha do clássico filme infantil, A Fantástica Fábrica de Chocolates.

Mas o motivo do interesse pelos The Frames e dessa escrita surgiu realmente ao ver e se encantar pelo filme irlandês chamado À Beira da Loucura (On The Edge - 2001). Houve uma necessidade latente de descobrir quem eram os autores daquela bela canção “Seven Day Mile”, que se destacava na trilha sonora. Esta é uma daquelas músicas imperdíveis que não entendemos porque não é um sucesso mundial. Pois deveria ser. Assim como “Finally”, que também é especial. The Frames e Glen Hansard são as grandes descobertas desse ano

The Frames

Origem:
Dublin, Irlanda

Estilo:
Rock, Indie Rock, Folk

Integrantes:
Glen Hansard (vocal, guitarra)
Colm Mac Con Iomare (teclados e violino)
Joe Doyle (baixo)
Rocb Bochnik (guitarra)
Graham Hopkins (bateria)

Discografia:
Another Love Song (1991)
Fitzcarraldo (1995)
Dance the Devil (1999)
For the Birds (2001)
Breadcumb Trail (2002) (ao vivo)
Set List (2003) (ao vivo)
Burn the Maps (2004)
The Cost (2006)

Glen Hansard

The Swell Season ( com Marketá Irglová (2006)
Once Soundtrack (com Markéta Irglová (2007)
Strict Joy (com Markéta Irglová) (2009)
Rhythm and Repose (2012)

Veja duas performances da banda:






17 julho 2013

Diversão

O rock é diversão. Meramente divertimento. E poesia. Não política e engajamento. É transcender a alma através do som. É a experiência da existência. O reconhecimento de um mundo além do real. A viagem além do limite. Uma viagem dionisíaca. Agora, se causas mais importantes o inspira, por que não? É visto que o rock é uma excelente arma não violenta para a mudança social.

15 julho 2013


" A depressão é uma incapacidade de construir um futuro." (Terapia de Risco, 2013)

09 julho 2013

Jairo Lambari se apresenta pela primeira vez em Itaqui


A noite de 8 de junho foi atípica e especial. Alguns itaquienses tiveram a oportunidade e o prazer de presenciar o show do cantor nativista Jairo Lambari Fernandes. Dentro do cancioneiro gaúcho, Jairo é uma figura ímpar; tanto pela sua música lírica como também pela sua voz de timbre inconfundível. O diferencial de Lambari é o romantismo, a sensibilidade com que retrata suas letras. Faz-nos ver a simplicidade dos antigos da vida campestre, nos faz imaginar e sentir o cheiro do verde infinito das planícies do pampa, retrata encontros, ranchos, paixões comungadas com o mate; enfim, tudo que sua alma e vivência de peão despeja para ser transformado em poesia.

O CTG Rincão da Cruz recebeu um público razoável no evento. As mesas quase todas ocupadas. Poucas pessoas de pé. Muitos foram somente para aproveitar o baile após o show, mas prefiro crer que a maioria foi pelo motivo maior: a performance inédita do cantor cacequiense. Isso nos dá um facho de esperança. Esperança de que ainda há bom gosto e que ainda não fomos engolidos totalmente por aquela música vazia e descartável, que muito a mídia impõe e que somos obrigados a escutar no volume extrapolado em muitos carros pelas ruas. Uma atitude desprezível que deveria ser mais combatida.

O sistema de som do local estava bom, mas para quem não conhecia muito a fundo as letras do artista deve ter tido um pouco de dificuldade em entender. Um ponto um tanto negativo foi que infelizmente muitos desinteressados insistiram em conversarem em um tom alto em suas mesas, atrapalhando em certos momentos. Mas não ao ponto de ofuscar o espetáculo. Quem gosta entende que musicais desse tipo é preciso prestar atenção em cada detalhe, para não perder a essência, os momentos que nos causam entusiasmo; e o silêncio é imprescindível para isso. Essa é a minha leiga percepção.

Lambari se mostrou sucinto e simpático com a plateia. Disse que gostou e se sentiu bem na cidade, e até elogiou a arquitetura histórica do prédio do antigo mercado-público. Quanto ao repertório, foi o esperado. Presenteou-nos com uma mescla das suas músicas baguais mais pulsantes, como: “À Dom Antônio Trindade” e “No Rastro da Gadaria” (que abriu e encerrou de forma empolgante a atração), e com seus grandes sucessos: “Naco de Luz”, “Morena” e “Por Bem Dizer-te”. Temas que resumem o seu trabalho calcado na poética romanesca e nas sonoridades suaves. Executou também destaques do seu último trabalho: “Por um Abraço”, “Enserenada”, “Pra minha Amada”, e a faixa título “Cena de Campo”. Ficou a vontade de escutar “Flor do Mar”, a sua obra-prima, do quilate da clássica “Cordas de Espinho”, de Luiz Coronel e Marco Aurélio Vasconcellos.

Lambari nos lavou a alma. Foi cerca de uma hora de contemplação, de exaltação e orgulho da nossa cultura, da nossa verdadeira identidade, a do homem simples e acolhedor; o gaúcho fronteiriço. Pena que acabou. Apresentações como a de Lambari são aquelas que não enjoamos de ver. Cada ocasião é única e com sensações que se renovam.

Todos os organizadores e apoiadores estão de parabéns. Iniciativas corajosas como essas que nos engrandecem como indivíduos. Porque acredito piamente na teoria de que “a cultura é uma poderosa força para a paz interior e coletiva”. Por isso ações culturais como essa precisam ser mais frequentes em nossa cidade. Agora só falta um show do Marcelo Oliveira, mais um cantor de grande talento que canta com a alma, assim como Jairo Lambari Fernandes o faz. Seria mais uma noite marcante.

08 julho 2013


O único ponto negativo da bebida, da cerveja principalmente, é ter que mijar de poucos em poucos minutos. Todos os homens bebedores desse mundo ficariam realizados se isso fosse diferente. Se ao invés de termos que despejar a todo momento déssemos só uma maravilhosa mijada depois do ultimo gole da noite.
A maior sorte que pode existir é nascermos em uma família que tem condições suficientes para prover de cobertores a fim de nos aquecer e confortar nas noites de extremo frio. 

02 julho 2013

Ócio criativo

Gosto do prazer
Pendo para o mal visto
Para o não recomendado
Para o abuso
Do álcool, da comida e do fumo

Os opostos
O deleite e o mal estar
O sono tarde
O ócio um pouco inventivo

Escritas para a eternidade
Ou não
A perda total pela modernidade.

01 julho 2013

Amor próprio

Nada melhor do que eu mesmo
Junto dos meus prazeres
Os meus momentos eternos
Com o vinho, o cinema e a combustão

A produção tempestuosa
Sem ambição de nexo ou recompensa
A chuva de palavras
Para a estatização da alma

O rompimento da realidade imposta
O mergulho no interior não mundano
A distração no mundo paralelo
A criação por esforço pensativo

Às vezes deslocado me sinto
Por não ter alguém dentro de casa que compartilhe os meus gostos
Por ser sozinho no meu ritmo
Então, sozinho na minha personalidade sigo
Esses momentos meus é só eu que vivo

Enquanto estiver escrevendo não me importo com as horas de sono.