31 janeiro 2014

Onde estão os metaleiros de Itaqui?

Dentre tantos estilos musicais que existem, o rock certamente é um dos que mais proporcionam cultura aos seus adeptos. Há muitos anos ouvi uma frase proferida pelo radialista Mr. Pi, nos tempos áureos que escutávamos o Pijama Show em Itaqui. Ele disse: “Tudo é uma onda, só o rock é o oceano”. Essa máxima nunca saiu da minha memória.

Em meio a tantos estilos artificiais e passageiros, ainda bem, o rock sempre sobreviverá. Tamanha a sua importância e poder de modificação. Impossível rever a história da humanidade e não citar o rock como transformador de sociedades e espelho de gerações. Isso porque a música é uma válvula de escape. É sinônimo de liberdade. Independente do gênero, pois cada um se apoia no sua preferencia de boa sensação.

Porém, um gênero que é visivelmente forte, agregador de personalidades e verdadeiro é o Heavy Metal. Os metaleiros libertam sua alma num som pesado e rasgado. Não é somente um estilo, mas sim uma crença propulsora. É uma comunidade de grande identificação entre seus jovens (e nem tão jovens assim, porque gosto não tem idade).

Muitos ainda insistem no preconceito de rotular as pessoas que vivem o Heavy Metal como satanistas, vagabundos, burros, baderneiros, rebeldes... Entre tantos outros adjetivos execráveis. Pura ignorância! Pesquisas comprovaram que muitos jovens que se identificam com esse tipo de sonoridade possuem uma inteligência em potencial (facilidade em aprender), uma personalidade sensível, tímida, exclusa e pendem para problemas de depressão. Portanto, no Heavy Metal descobriram um mundo alternativo que os ajuda a elevar a estima.

Para muitos, a música pesada e suas letras de inconformidade e contestação são ingredientes realmente necessários em suas vidas - uma vez que se veem cansados de músicas adocicadas que dissimulam realidade. Ela liberta nossas chagas. O metal é como um tiro no sofá. Como pancadas com toda a vontade num saco de boxe. Serve para expelir nossos problemas, nossa confusão, nossos medos. Ela me conforta, assim como, tenho certeza, que também alivia muitos jovens itaquienses que se sentem um tanto indiferentes ao conservadorismo que a sociedade impõe. Mas onde eles estão? Certamente enclausurados em seus quartos. Prática comum nesse meio (ainda mais na juventude).

Mas, fico intrigado que aqui em Itaqui não vejo muitos simpatizantes do metal extremo (Trash, Death, e até Black Metal) nas ruas. Em São Borja é comum depararmos com essa tribo. Lá existe um cenário significativo de bandas destes estilos. E são bastante unidos. Volta e meia organizam encontros independentes. Suas próprias festas. E com isso mantem uma relação permanente de inclusão.

O importante é não ter pudor de sua personalidade. Não se sentir anormal por se identificar com a música pesada, riffs velozes e notas obscuras. Você não é o único. É o oposto disso. É parte integrante de um grupo de milhões de seguidores. Por isso, não tenha medo de sair do quarto. Mantenha contato com seus asseclas, que compartilham do seu mesmo sentimento. Heavy Metal é arte! E das mais autênticas.

Para finalizar, deixo depoimentos de dois grandes artistas do gênero que explicam resumidamente a essência do heavy metal:

“Eu penso que o heavy metal é terapêutico – é uma música que dissipa a tensão. Eu acho que é por isso que as pessoas que passaram por uma infância muito ruim são atraídas pelo heavy metal. Ele permite que as pessoas soltem a agressão e a tensão de um modo não violento. Além disso, o heavy metal tem um sentimento de comunidade – ele une os excluídos. O heavy metal parece atrair todo o tipo de animais velhos e perdidos, vira-latas que ninguém quer”. (Kirk Hammet, guitarrista - Metallica).

“Se você não gosta de Metal. Se você não o entende, você nunca entenderá. Você apenas não captará. É muito difícil converter alguém para o Metal se eles não entendem o que ele significa”. (Rob Halford, vocalista – Judas Priest).