27 setembro 2009


As sinfonias de Beethoven são inexpressáveis experiências sonoras do firmamento. Escutá-las remete a um sacrifício corporal e mental. Elas são trilhas de perfeita sincronia para todas as imagens relevantes da história da humanidade.

Ouvir as nove obras de uma forma inteira, de olhos fechados; aceitando passivamente penetrar nos ouvidos as suas alturas, harmonias, e ataques de ascensão das notas de violino é se colocar como espectador de um filme de visões e emoções subjetivas.

A natureza das imagens que passarão por sua cabeça é incontrolável. Podem ser boas ou más. Divinas ou diabólicas. Todas as emoções que o ser - humano pode experimentar são possíveis ao som de Beethoven. É o contraponto da glorificação da vida com a violência desmedida.

Trata-se do escolhido de uma força divina para mostrar a música dos anjos

22 setembro 2009

Ainda bem que temos o samba!


Tá num momento de tristeza? Escuta um samba - de - raiz genuinamente brasileiro. Um bom momento pra ouvir qualquer obra de João Nogueira – o mais suburbano dos sambistas cariocas. Você sentirá orgulho de ser brasileiro, boêmio, vagabundo... A identificação por alguma letra é certeira. No mínimo, um sorriso enquanto escuta é inevitável.

Tente:

Vida Boêmia (1978)
Clube do Samba (1979)

21 setembro 2009

Remorso

Hey parceiro! Já sei
Acordaste tarde novamente
Perdeste o dia outra vez

Olha só o que restou de ti
Depois do trago só resta tu
E ninguém mais

Moço teimoso
Sendo assim, sozinho ficará
Um dia será tarde para uma companhia
E dará adeus á alegria

Olhará pela janela e verá o céu escuro
Há quanto tempo não vê o sol?
Não há nem resposta

Caia em si, deixe o álcool
Tu ta cansado de saber que
A euforia gerada por ele é passageira

É um companheiro traíra
Porque no outro dia ele já transpirou o efeito
E o primeiro sentimento é de isolamento
Não pode continuar assim

Olha só, já está tarde até para um mate
Renove-se
Entre em metamorfose
Antes que não se lembre nem o motivo
por não ter aproveitado a vida

15 setembro 2009

"Na música, como no sexo, a gênese da vida e da morte deixa-se conhecer, por extrema magnamidade dos deuses, como prazer". (José Miguel Wisnik)

12 setembro 2009

Butts Band: uma preciosidade escondida


O ano é 1973. Na Inglaterra, Pink Floyd lança sua obra prima conceitual progressiva “The Dark Side Of The Moon”; do outro lado do Atlântico, o reggae de Bob Marley and The Wailers começa a se disseminar mundo afora com “Catch a Fire” e nos Estados Unidos The Stogges e New York Dools principiam o que se rotularia mais tarde de Punk.

Em meio a esse cenário da música no Mundo, os ex-integrantes do The Doors: Robby Krieger (guitarrista), John Desmore (baterista) e Ray Manzarek (teclados), há dois anos que se viam órfãos de Jim Morrison, o poeta mais intrigante do agitado anos 60. Os três decidem irem para a Inglaterra à procura de um cantor. No caminho, Manzarek se ausenta devido assuntos familiares. Krieger e Desmore seguem viagem e acabam se juntando com o vocalista Jess Roden (ex-Bronco, The Alan Bown Set, Keef Hartley Band), Roy Davies (ex- Freddie Mack, Gonzalez) no comando do teclado e do sintetizador; e Larry Mcdonald nas congas. Bandas e músicos de grande classe que estavam á margem da notoriedade.

Nasce, então, o projeto Butts Band. O álbum homônimo é gravado metade na Jamaica e metade no Reino Unido com o engenheiro de som do Doors, Bruce Botnick. O resultado é uma sonoridade de extrema qualidade. Trata-se de uma fusão raramente vista de folk, jazz, blues e misturas difíceis de nominar. Todas cantadas pela voz suave de Jess Roden.

Os destaques são: a balada jazzistica Sweet Danger assinada por Jess Roden e a swingueira Be With Me de Robby Krieger. Temas ideais para se ouvir num encontro amoroso ou para ser tocada em pubs escuros. Porque ao mesmo tempo em que a primeira apresenta um ritmo doce acompanhada com notas de teclado e sintetizador; a segunda você se depara com uma levada peculiar de um corpo instrumental que se completa. A voz insigne de Jess Roden, ao lado dos solos incríveis de Krieger e da levada surpreendente de John Desmore, dá um tom de inovação nas composições.

As demais como a folk I Won’t Be Alone Anymore; Baja Bus, em que o batuque a lá Santana se sobrepõem; as duas neutras, Pop-A-Top e New Ways; a dançante e com ares de psicodelia, Love Your Brother. A faixa totalmente blues Kansas City em versão ao vivo fecha de forma ascendente o álbum.


Jess Roden também gravou três álbuns em carreira solo.

Butts Band de 73 é grandioso, muito bem tocado, e, certamente com competência de estar incluído em qualquer lista de melhores álbuns já produzidos. Com exceção dos dois músicos já consagrados pelos Doors, a banda nos proporciona a descoberta de personalidades desconhecidas, ou não reconhecidas como mereciam no cenário artístico musical; Roy Davies, Larry Mcdonald e, principalmente o primor de cantor, Jess Roden.

Dois anos depois, em 1975, com a formação totalmente diferente, Butts Band lança "Hear and Now", com uma linha musical distinta do seu predecessor. Desta vez quem se junta com os ex-Doors é Mike Stull, um excelente cantor negro, detentor de uma voz potente que lembra à Isaac Hayes e Barry White. Juntamente com o baixista, Karl "Slick" Rucker (Nina Hagen, Gregg Wright, Lino); o tecladista Alex Richman (Salty); o baterista Mike Berkowitz (Billy Joel, Elton John) e Bobbi Hall (Janis Joplin) nas congas e percussão. A sonoridade da banda muda-se para um R&B louco e dançante.


A surpresa: uma versão de Get Up Stand Up de Bob Marley com uma roupagem completamente distinta; mais rock and roll e excitante devido ao vozeirão de Mike Stull. Uma variante que deixaria Bob Marley orgulhoso dos "caras".

Infelizmente Butts Band parou por aí. O reconhecimento não ocorreu, até porque a imagem da banda não foi divulgada. Talvez não fosse a pretensão de Robby Krieger e John Desmore. O fato é que se tornou uma raridade. Creio que seus álbuns saíram do catálogo de comercialização. As referencias na internet são mínimas. Vídeos, nem pensar. Tirando os maníacos por The Doors, poucos conhecem a existência da Butts Band. Jim Morrison se orgulharia do que a saudade e a vontade de criar fizeram com seus companheiros de percurso.


1. I Won't Be Alone Anymore
2. Baja Bus
3. Sweet Danger
4. Pop-A-Top
5. Be With Me
6. New Ways
7. Love Your Brother
8. Kansas City




1. Get Up, Stand Up
2. Corner Of My Mind
3. Caught In The Middle
4. Everybody's Fool
5. Livin' And Dyin'
6. Don't Wake Up
7. If You Gotta Make A Fool Of Somebody
8. Feelin' So Bad
9. White House
10. Act Of Love
11. That's All Right
12. Lovin' You For All The Right Reasons



06 setembro 2009

Morena Rosa

Lorena Rosa veio à luz da realidade numa manha de sábado ensolarada. O dia 29 de agosto amanheceu na sua total normalidade. Seu pai, trabalhador que és, dirigiu-se ao batente habitualmente. A sua mãe dormia com todo o zelo pela filha, que nasceria no mês seguinte – setembro. No entanto, a previsão não aconteceu. Lorena estava pronta para conhecer seus pais e não resistiu. Saltou pra fora.

Poucos dias antes, o pai pressentira o acontecimento na letra de uma música do Belchior que passou por sua cabeça: “eu não posso deixar de dizer, meu amigo. Que uma nova mudança em breve vai acontecer”. E aconteceu! A sua chegada foi uma exaltação à vida, como um reggae na sua forma mais crua e harmoniosa.

Sua perfeição desvendou aos seus pais e próximos o sentido da vida e do amor.

Agora, “o passado é uma roupa que não nos serve mais”; e o que “precisamos todos é rejuvenescer”. Emoção que ela já está nos proporcionando.

Lorena será muito adorada. A menina dançará na magia natural que sua presença emana em seu contorno.