“A música oferece à alma uma verdadeira cultura
íntima e deve fazer parte da educação do povo.” – François Guizot Hoje é o dia do músico. Dia de Santa Cecília,
considerada pelo catolicismo a padroeira dos músicos. Sempre senti que a música é uma das invenções mais
notáveis da humanidade. Sem ela a existência não teria sentido. A arte da
música é universal e medicinal. É uma das linguagens mais completas que
existem. Ela nos provoca sensações de transcendência, prazer, evasão, alegria,
tristeza... Uma linguagem potente, que serve tanto para divertir como para
divergir. A música marca nossas vidas. Pode eternizar momentos.
Arrepia nossos pelos. Desde as melodias celestiais das obras de Beethoven e de
Mozart, de um baixo-guitarra-bateria tocados com paixão, ou até aquelas
reproduzidas nos bares. Independente do estilo. Basta nos identificarmos com
ela para comprovarmos sua importância. Quem possui o dom de expressar-se pela música é um ser
privilegiado. Porque somente com eles, os músicos e musicistas, que ela é
possível. Ainda assim, por tudo que nos dão, é comum serem desvalorizados. Uma
classe que merece realmente ser celebrada. Sustentar-se da música é um dos
trabalhos mais árduos. É preciso muita coragem e persistência. Parabéns de coração a todos os músicos profissionais e
amadores e, principalmente, aos que penam para viver da sua
paixão, do seu sonho, e da esperança de um dia serem reconhecidos.
A área onde a cidade de Recife foi fundada, em 1537, é cortada por seis rios. Pela sua costa ser cercada por esses cursos de águas ela ficou conhecida como “cidade estuário”. No século XVII, após a expulsão dos holandeses, a cidade passou a crescer desordenadamente e a ter seus rios e mangues aterrados. Logo os mangues, que são considerados um elo básico da cadeia alimentar marinha. Isso significa aterrar áreas enormes de desova em um ecossistema de grande diversidade de seres vivos por centímetro cúbico. Por esse problema gerado, por volta de cem anos depois de sua fundação era evidente os malefícios que traria às condições de sobrevivência na capital de Pernambuco.
Dando um salto no tempo e chegando ao começo dos anos 1990, as previsões que se tinha lá no distante passado foram comprovadas. O agravamento da miséria e do desemprego foi elevado em ritmo acelerado. Mais da metade dos habitantes da cidade moram em favelas e alagados. E segundo estudos de um instituto de questões populacionais de Washington, a cidade, nessa época, foi considerada a quarta pior do mundo para se viver.
No meio de todo esse caos urbano surge um grupo de músicos com ideias inovadoras para transmitir a situação dessa região para todo o país. Então, no ano de 1991 o movimento “manguebeat” aparece no cenário musical de forma impressionante. A palavra contracultura pode ser interpretada como uma postura, ou até uma posição, em face da cultura convencional, de crítica radical. Nos anos 1960, esse conceito se encaixou perfeitamente no movimento tropicalista e depois de trinta anos um abalo musical tão significante quanto esse nasce para fazer a diferença, mostrando a realidade do Nordeste do Brasil.
As bandas Chico Science e Nação Zumbi e Mundo Livre S/A são os maiores expoentes e precursores do movimento. Chico Science juntamente com Fred Zero Quatro, vocalista da Mundo Livre S/A, o jornalista Renato Lins e outros companheiros escrevem o que se torna o manifesto do movimento. Intitulado de “Caranguejos com cérebro”, o texto é divulgado em 1993 no encarte do primeiro disco de Chico Science e Nação Zumbi – Da lama ao caos. Dividido em três partes: mangue – o conceito, manguetown – a cidade, e mangue - a cena; o texto explica cada um dos tópicos e mostra a necessidade de expandir os pensamentos e mensagens dos mangueboys.
Chico Science e os
Mangueboys
O movimento teve uma influência fundamental, o livro “Homens Caranguejos”, do sociólogo pernambucano Josué de Castro mostra uma comparação do ciclo de vida do homem miserável ao caranguejo, por este se alimentar por dejetos orgânicos do mangue. "Vamos criar um satélite de ideias, fincar uma parabólica no mangue e mostrar a cara do Brasil”, expressão dita pelos fundadores do movimento que evidencia o porque e para que vieram.
Capitaneada por Francisco de Assis França – o Chico Science-, a Nação Zumbi tornou-se a porta-voz do movimento, com suas letras e musicalidade totalmente inovadora, a banda ganhou o reconhecimento dos meios de comunicação de massa e consagrou definitivamente Chico Science no meio artístico cultural.
Estava criada então, propositalmente, uma nova cena musical com a intenção de ser ecoada por todo o país e, quem sabe, até no resto do mundo. A necessidade da atualização estética e tecnológica fez com que os “mangueboys” se sentissem cidadãos do mundo. Antes o que era considerado apenas cultura popular do povo da região, agora era expandida, reconhecida e valorizada. Adotou-se um visual mangue, chapéu de palha, camisas coloridas e óculos escuros. Nascia uma identidade coletiva.
Com uma mistura imensa de ritmos musicais, maracatu regional com ritmos da música pop mundial, passando pela pegada funk, batuques africanos, xaxado, flertes com o forró sertanejo e todos sendo acompanhados com guitarras distorcidas; o estilo da banda era inclassificável, tamanha a criatividade e a variedades de sons.
As pontes, os seis rios que cortam a cidade, os viadutos, o lixo, os urubus e a miséria; são elementos sempre presentes nas letras de Chico Science e Fred Zero Quatro. Acrescentados a esses elementos, temas como: a crítica social, a diferença de classes, a criminalidade e o banditismo estão presentes nos seis singles da banda no período com Chico Science no vocal; “Da lama ao caos”, “ A cidade”, “A praieira”, “Samba makossa”, “Manguetown” e “Maracatu atômico”. Esta última, sem dúvida, tornou-se o maior hit da banda. O primeiro álbum, que proporcionou a todos os amantes da música o primeiro contato com o mundo do movimento mangue, começa da melhor forma possível com a faixa “Monólogo ao pé do ouvido”, em que Chico Science, com a sua voz grossa e com seu sotaque nordestino diz:
Modernizar o passado é uma evolução musical
Cadê as notas que estavam aqui
Não preciso delas! Basta deixar tudo soando bem aos ouvidos
O medo dá origem ao mal
O homem coletivo sente a necessidade de lutar
O orgulho, a arrogância, a glória
Enche a imaginação de domínio
São demônios, os que destroem o poder bravio da humanidade
Viva Zapata! Viva Sandino! Viva Zumbi!
Antônio Conselheiro!
Todos os panteras negras
Lampião, sua imagem e semelhança
Eu tenho certeza, eles também cantaram um dia.
(Monólogo ao pé do ouvido – Chico Science. Da lama ao caos,1993)
Portanto, já na abertura do disco se percebe o impacto do monólogo. Deixa bem claro o intuito do movimento, de fazer critica social, da luta, do protesto através da música do “manguebeat”. Citando os líderes revolucionários, Chico Science demonstra o seu e dos demais seguidores do movimento o sentimento de divulgar e mudar a realidade do seu povo.
Depois de três anos de contrato com a Sony Music, dois álbuns elogiados pela crítica, de conquistar o seu reconhecimento e seu espaço no meio musical, de três turnês mundiais a banda fazia sucesso. Até dia 2 de fevereiro de 1997, quando tragicamente Chico Science, aos 30 anos, perde a vida em um acidente de carro entre os municípios de Recife e Olinda. Perdia-se então um grande pensador, letrista e cantor da música brasileira; precursor do movimento “manguebeat”, que agora perdia suas forças depois da morte do seu líder.
“Chico Science, seria considerado pela crítica mundial o principal divisor de águas do pop internacional desde o aparecimento de Bob Marley, na década de 70”. Gilson Oliveira – Jornalista
“É essa autenticidade, essa busca sistemática da verdade do indivíduo e do mundo em que ele habita, uma de suas maiores contribuições, servindo de lição para muitos artistas que formam a atual cena musical pernambucana. Aconteceu com o Mangue, sem Chico, o mesmo que aconteceu com o reggae, sem Bob Marley. Uma grande semente foi plantada e bons frutos continuarão sendo colhidos por muito tempo”. Silvério Pessoa - Cantor e Compositor
“Ele foi um fenômeno cultural que, em tão pouco tempo, conseguiu modificar profundamente a maneira de o pernambucano ver a si mesmo, fortalecendo praticamente todos os setores da cultura local”. Pedro Mendes – Organizador do Rock na Praça
“Foi o movimento mais importante desde o tropicalismo. Não creio que ninguém tenha sucessor, mas o Chico tem seguidores, já que é difícil não se deixar influenciar pela música dele”. Pedro Luís – Músico
A importância de Chico Science na cultura e na música brasileira é incontestável. Principal representante de um movimento totalmente brasileiro e original. Conseguiu expressar, através da música, suas inquietações perante a situação do nordeste do país: a desigualdade social e a miséria geradora da criminalidade. Realidades que reinam na região. Apesar da sua passagem ter sido curta e sua obra não tão vasta assim, ela é de uma riqueza chocante que o colocou no hall dos mais expressivos artistas brasileiros.
Depois do baque da morte de Chico Science, a Nação Zumbi não se entregou e continuou sua carreira. Com o percussionista Jorge Du Peixe agora nos vocais, junto com o guitarrista Lúcio Maia, o baixista Alexandre Dengue, o baterista Pupillo e os percussionistas, Toca Ogan, Gilmar Bola Oito, Gustavo Da Lua e Marcos Matia; a banda continua fazendo sucesso, lançando discos, DVDs e fazendo turnês pelo exterior. A verdade é que se perdeu aquele brilho da presença de Chico Science, mas a banda continua com a mesma sonoridade. Ainda é reverenciada como era uma década atrás, e para muitos continua sendo a melhor banda do país.
Chico Science foi cedo, mas ainda hoje se pode ver a influencia do “malungo” em muitas bandas nacionais. O Rappa, Pedro Luís e a Parede, Cordel do Fogo Encantado, Mombojó, são algumas. Ele deixou marcas até na Escócia, onde surgiu um maracatu punk, o Bloco Vomit.
Lá no começo dos anos 1990, um baixinho magrinho de óculos escuros ajudou no nascimento de uma cena musical diferente de tudo que existia, misturando ritmos, sacudindo-os e colocando de cabeça para baixo a música, tornado-se, por tudo isso, o nome da década. Bem como diz uma das frases famosas dele: “Eu me organizando posso desorganizar”, realmente desorganizou e deixou muita gente espantada e perguntando o que era aquele rock misturado com batuque de tambores.
Lou Reed morreu. Infelizmente. Aos 71 anos um dos mais geniais
músicos e poetas do século XX se despediu tranquilo e consciente, no último
domingo em sua casa em Long Island ,
Nova York. A causa foi por complicações de um transplante de fígado feito em
maio.
Guitarrista, letrista e compositor, Lou Reed nasceu no
Brooklyn e quando grande tornou-se um exímio observador. Longe da cena pacífica
e colorida de paz e amor dos hippies, Reed era mais realista. Sua alma de
legítimo artista caminhava ao contrário da beleza. Pelas ruas cinzentas de Nova
York foi imbuído pelas mazelas da sociedade americana. E nessa perspectiva caótica de miséria, violência,
drogas e prostituição fundou o The Velvet Underground na metade da década de
1960 com o baixista John Cale, o guitarrista Sterling Morrisona baterista Maureen Tucker, para retratar e dar voz aos
marginalizados.
Com
uma proposta extremamente experimental, mesclando poesia, melodia e ruído
tornaram-se uma banda de vanguarda. Inovadora e eternamente influente para o
rock mundial. O Velvet foi uma referencia de rebeldia criativa e estilística.
Sem eles é difícil imaginar o surgimento de correntes como o Glam, o Punk, o
Gótico, o Industrial e o Pós-Punk. Tudo isso Lou Reed pode ser considerado
progenitor. Além da noção de independência, que o Underground do nome da banda
já sugeria, de não ter a pretensão de ser puramente comercial e de agir ao
pegar os instrumentos e fazer sua música autoral. Se a cena independente existe
em todo canto do mundo, certamente tem um pouco de Lou Reed e do Velvet
Underground ali.
O
artista pop Andy Warhol foi um dos poucos que pressentiu que eles poderiam ser
grandes e contribuiu para a importância do grupo ao assinar uma das artes mais
icônicas de um álbum de rock, a simples banana, e trazer a cantora alemã Nico e
seus vocais fortes e graves para a banda. Registro de estreia de 1967, que é coberta de
clássicos, como: “Sunday Morning” (sobre a ressaca mental de uma noite de
excessos), "I'm Waiting for the
Man" (o dependente à espera do traficante), “Venus In Furs” e “Heroin”.
Uma obra capital perene do rock.
Depois vieram White Light/White
Heat (1968), o homônimo The Velvet
Underground (1969) e Loaded
(1970). Todos estes com a maioria das letras e canções
escritas por Lou Reed. Após a dissolução do grupo, em 1970, Reed continua sua
missão sozinho: pintar o lado atroz das ruas através da poesia. Com Transformer (1972) e Berlin (1973) chega à tradução de sua
sensibilidade. “Walk on the Wild Side” (apelo a uma existência abusiva e um
tributo aos travestis e homossexuais) e “Perfect Day” (uma lira comovente) são seus
épicos.
A música de Lou Reed,
tanto nos Velvets como nos seus trabalhos solos, possuem uma sonoridade
impecável e entusiasmante. E por conta disso e a despeito das suas muitas
poesias duras, elas trazem uma sensação de esperança por trás.
Lou Reed seria o
Bukowski do rock...? O fato é que ele foi uma
espécie de porta-voz de uma geração descrente e confusa e seu discurso sempre
será atual. E pessoas iluminadas e corajosas assim sempre farão muita falta.
Aqui está muito pior do que quando estavas conosco
O mundo anda mais do que tão complicado
As pessoas não se amam
Não se respeitam
Não possuem bom senso
Esse mundo nos entristece
Não o conheci, mas o compreendi.
É muito pesar que sentimos
É difícil acreditar num mundo melhor
Mais harmônico e alegre
Tiveste sorte
Sabias da tua missão
Para muitos o que deixaste foi em vão
Mas para mim não
Enquanto suas poesias me fizerem chorar
Me é válido sua existência
E é deprimente pensar que tu fazes tanta falta nesses dias
que nos destrói
Somos metal contra a tempestade
Devemos resistir
Apesar de tudo
Apesar das crueldades e das enfermidades desse mundo
Não devemos entregar sem lutar não é mesmo?
Com sua mensagem eterna derrotaremos os nossos inimigos
Internos e o estrago dos externos
Tudo passa néh Renato?
Nossa vida passa
Não levamos nada
Mas devemos deixar algo
Alguma esperança para a humanidade
Como deixaste
Quando nos abandonaste órfãos da sua bondade e inteligência
Afinal, ainda temos coisas bonitas por aqui.
Devemos nos ater nelas
Não é mesmo Renato?
Vamos começar de novo
Derrubando tudo que nos faz nos sentirmos mal.
"Há uma distinção entre trabalho e emprego. Emprego é fonte de renda e trabalho é fonte de vida. Alguém que não está mais no emprego não significa que ele não tenha mais trabalho. Porque trabalho é sinônimo de ocupação. Por exemplo, ócio. Ócio não é a ausência do que fazer. Ócio é a possibilidade de escolher o que fazer. Ócio não é vagabundagem, ócio é a possibilidade de escolha." (Mário Sérgio Cortella, filósofo)
A maior praga descoberta pelo ser-humano nesse mundo são as
drogas. Quantas vidas já foram desperdiçadas por essa moléstia. Porque foram
existir esses vícios? É um oponente muito hostil. Uma guerra que se estende
pela vida inteira. Uma batalha com poucas chances de sair vitorioso. Um achaque
mental, físico e banal. Somos tão frágeis para lidar com isso.
Houve uma tarde uns anos atrás que senti uma vontade anormal
de escutar uma música. Era uma
específica: Big Mouth Strikes Again do The Smiths. Não entendo o
porquê, mas simplesmente senti uma ânsia em ouvir aquela composição. Era uma
sensação muito forte. O pior é que nada colaborava. Não tinha ela. A Internet
não funcionava. Não conseguia saciar aquele desejo que me tomou conta. Comecei
a sentir um desconforto. Pode ser um hiperbolismo, mas parecia uma crise de
abstinência. Era algo que queria muito e não conseguia.
O efeito daquele desejo
durou umas horas e depois foi amenizando. Não consegui aquele prazer. Fui
ouvi-la no outro dia e foi uma mistura de alívio com êxtase.
Nunca tinha passado por isso. Mas entendo. Talvez aquela
bateria em “Big Mouth Strikes Again”, me deixe exaltado. Sempre considerei
Smiths uma das bandas de maior qualidade de sempre. Possuem uma sonoridade
consistente e um suingue quase insuperável. Um concretismo completo. Guitarra,
baixo e bateria no mesmo nível elevado. E a voz aveludada de Morrisey apenas
contorna a sincronia perfeita. Será que alguém já teve uma sensação desse tipo também?
Declaramos o fim desta era em que sempre sentimos as nossas vidas morrerem através das janelas
Não mais respeitaremos nenhuma lei que diga o que não podemos ou o que temos que fazer
Porque hoje o sol nasceu declarando o fim destas lágrimas e eu vou jogar aos céus meus braços e não olhar mais para tras
Hoje dançamos sobre as ruínas de suas instituições ultrapassadas e declaramos para toda nossa vida um estado eterno de felicidade
Hoje celebramos a nossa vitória sobre o império da tristeza e do medo na escuridão
Nunca mais viveremos à sombra de teus deuses e reis
Brindamos mil paixões e dançaremos porque hoje o sol nasceu declarando o fim destas lágrimas e eu vou jogar aos céus meus braços e não olhar mais para trás. Composição: Dance Of Days
Queria ter muita coragem nessas horas Poder dizer-te coisas antes de ir embora Me dá um desespero, um nó em minha garganta Não expressar opiniões não adianta
Um psiquiatra cairia bem Não fosse o bom humor, meu estômago todo iria fritar Meu estômago todo iria fritar
Desculpa se por um acaso eu te aborreça, Mas o pior sempre está em minha cabeça
Um psiquiatra cairia bem, não fosse o bom humor Um psiquiatra cairia bem Não fosse o bom humor, meu estômago todo iria fritar Meu estômago todo iria fritar
A banda The Frames é originária de Dublin, na Irlanda. Parte do mundo um tanto esquecida artisticamente, mas berço de grandes como Rory Gallagher, Gary More, Thin Lizzy, do famoso poeta Van Morrison, e da potência comercial, U2.
Foi constituída pelo músico, compositor e
ator Glen Hansard. Atualmente fazem parte, além dos fundadores Hansard (vocal
principal e guitarra) e Colm Mac Con Iomare (teclados e violino); Joe Doyle
(nas quatro cordas), Rob Bochnick (na outra guitarra) e Graham Hopkins (nas
baquetas).
A banda debutou nos palcos em um festival
de música irlandesa, na capital, em 1991. No mesmo ano deram um tempo, devido
ao vocalista se ausentar para se dedicar nas gravações do filme The Commitments,
do diretor Alan Parker (O Expresso da Meia-Noite, Pink Floyd – The Wall). No
longa, Hansard fazia parte de um conjunto de músicos inexperientes. Ele
voltaria às telas 15 anos depois, desta vez como protagonista, interpretando um
músico de rua (ao natural, pois já foi um) no filme, Apenas uma Vez (Once). Película da qual lhe rendeu o
Oscar de melhor música, com a doce ”Falling Slowly”.
Com a produção de Gil Norton, conhecido por
trabalhar com os Pixies, a banda deu inicio a sua carreira de referencia com o
excelente álbum Another Love Songs.
Hoje, depois de pouco mais de duas décadas de estrada, são reverenciados,
injustamente, somente no seu país natal.
Lembra The Waterboys e é bastante
semelhante com Damien Rice. Mas há momentos de agitação na sua música, com
bastante riffs rasgados, que remete
ao rock alternativo da cena irlandesa dos anos 1990, junto com Swampshack e Turn.
Porém, o lado atraente mesmo é o violino e o estilo um pouco folk pop de suas baladas, sempre
presentes em algum momento em todos os seus seis álbuns lançados. E é nesse
aspecto que está a maior qualidade do grupo, e principalmente de Hansard: a
capacidade de fazer canções suaves que deveriam ser mais populares. Ou não. Talvez,
se isso acontecesse perderíamos o entusiasmo.
Nota-se que são bons músicos que podem
transitar por diversos estilos do amplo e vago gênero musical. Sua qualidade é
inegável, visto que já foram banda de apoio do ícone Bob Dylan em alguns shows
em 2007.
Um detalhe interessante é que costumam em
suas apresentações incluírem trechos de sucessos de artistas renomados em meio
a suas canções, como uma forma de homenagem. Fizeram isso com “Redemption Song”,
do Bob Marley; “Ring of Fire”, do Johnny Cash; a tradicional “Lilac Wine”, de
James Shelton (eternizada por Nina Simone e Jeff Buckley); e a mais improvável,
“Pure Imagination”, da trilha do clássico filme infantil, A Fantástica Fábrica
de Chocolates.
Mas o motivo do interesse pelos The Frames
e dessa escrita surgiu realmente ao ver e se encantar pelo filme irlandês
chamado À Beira da Loucura (On The Edge - 2001). Houve uma necessidade latente
de descobrir quem eram os autores daquela bela canção “Seven Day Mile”, que se
destacava na trilha sonora. Esta é uma daquelas músicas imperdíveis que não
entendemos porque não é um sucesso mundial. Pois deveria ser. Assim como
“Finally”, que também é especial. The Frames e Glen Hansard são as grandes
descobertas desse ano
The Frames
Origem:
Dublin, Irlanda
Estilo:
Rock, Indie Rock, Folk
Integrantes:
Glen Hansard (vocal, guitarra)
Colm Mac Con Iomare (teclados e violino)
Joe Doyle (baixo)
Rocb Bochnik (guitarra)
Graham Hopkins (bateria)
Discografia:
Another Love Song (1991)
Fitzcarraldo (1995)
Dance the Devil (1999)
For the Birds (2001)
Breadcumb Trail (2002) (ao vivo)
Set List (2003) (ao vivo)
Burn the Maps (2004)
The Cost (2006)
Glen Hansard
The Swell Season ( com Marketá Irglová (2006)
Once Soundtrack (com Markéta Irglová (2007) Strict
Joy (com Markéta Irglová) (2009) Rhythm and Repose (2012)
Veja duas performances da banda:
O rock é diversão. Meramente divertimento. E poesia. Não
política e engajamento. É transcender a alma através do som. É a experiência da
existência. O reconhecimento de um mundo além do real. A viagem além do limite.
Uma viagem dionisíaca. Agora, se causas mais importantes o inspira, por que
não? É visto que o rock é uma excelente arma não violenta para a mudança social.
15 julho 2013
" A depressão é uma incapacidade de construir um futuro." (Terapia de Risco, 2013)
A noite de 8 de junho foi atípica e especial.
Alguns itaquienses tiveram a oportunidade e o prazer de presenciar o show do
cantor nativista Jairo Lambari Fernandes. Dentro do cancioneiro gaúcho, Jairo é
uma figura ímpar; tanto pela sua música lírica como também pela sua voz de
timbre inconfundível. O diferencial de Lambari é o romantismo, a sensibilidade
com que retrata suas letras. Faz-nos ver a simplicidade dos antigos da vida
campestre, nos faz imaginar e sentir o cheiro do verde infinito das planícies
do pampa, retrata encontros, ranchos, paixões comungadas com o mate; enfim,
tudo que sua alma e vivência de peão despeja para ser transformado em poesia.
O CTG Rincão da Cruz recebeu um público razoável no evento.
As mesas quase todas ocupadas. Poucas pessoas de pé. Muitos foram somente para
aproveitar o baile após o show, mas prefiro crer que a maioria foi pelo motivo maior:
a performance inédita do cantor cacequiense. Isso nos dá um facho de esperança.
Esperança de que ainda há bom gosto e que ainda não fomos engolidos totalmente
por aquela música vazia e descartável, que muito a mídia impõe e que somos
obrigados a escutar no volume extrapolado em muitos carros pelas ruas. Uma
atitude desprezível que deveria ser mais combatida.
O sistema de som do local estava bom, mas para quem não
conhecia muito a fundo as letras do artista deve ter tido um pouco de
dificuldade em entender. Um ponto um tanto negativo foi que infelizmente muitos
desinteressados insistiram em conversarem em um tom alto em suas mesas,
atrapalhando em certos momentos. Mas não ao ponto de ofuscar o espetáculo. Quem
gosta entende que musicais desse tipo é preciso prestar atenção em cada
detalhe, para não perder a essência, os momentos que nos causam entusiasmo; e o
silêncio é imprescindível para isso. Essa é a minha leiga percepção.
Lambari se mostrou sucinto e simpático com a plateia. Disse
que gostou e se sentiu bem na cidade, e até elogiou a arquitetura histórica do
prédio do antigo mercado-público. Quanto ao repertório, foi o esperado.
Presenteou-nos com uma mescla das suas músicas baguais mais pulsantes, como: “À
Dom Antônio Trindade” e “No Rastro da Gadaria” (que abriu e encerrou de forma empolgante
a atração), e com seus grandes sucessos: “Naco de Luz”, “Morena”e “Por Bem Dizer-te”. Temas que resumem
o seu trabalho calcado na poética romanesca e nas sonoridades suaves. Executou
também destaques do seu último trabalho: “Por um Abraço”, “Enserenada”, “Pra
minha Amada”, e a faixa título “Cena de Campo”. Ficou a vontade de escutar “Flor
do Mar”, a sua obra-prima, do quilate da clássica “Cordas de Espinho”, de Luiz
Coronel e Marco Aurélio Vasconcellos.
Lambari nos lavou a alma. Foi cerca de uma hora de
contemplação, de exaltação e orgulho da nossa cultura, da nossa verdadeira
identidade, a do homem simples e acolhedor; o gaúcho fronteiriço. Pena que
acabou. Apresentações como a de Lambari são aquelas que não enjoamos de ver.
Cada ocasião é única e com sensações que se renovam.
Todos os organizadores e apoiadores estão de parabéns.
Iniciativas corajosas como essas que nos engrandecem como indivíduos. Porque
acredito piamente na teoria de que “a cultura é uma poderosa força para a paz
interior e coletiva”. Por isso ações culturais como essa precisam ser mais frequentes
em nossa cidade. Agora só falta um show do Marcelo Oliveira, mais um cantor de
grande talento que canta com a alma, assim como Jairo Lambari Fernandes o faz.
Seria mais uma noite marcante.
08 julho 2013
O único ponto negativo da bebida, da cerveja principalmente,
é ter que mijar de poucos em poucos minutos. Todos os homens bebedores desse
mundo ficariam realizados se isso fosse diferente. Se ao invés de termos que
despejar a todo momento déssemos só uma maravilhosa mijada depois do ultimo
gole da noite.
A maior sorte que pode existir é nascermos em uma família
que tem condições suficientes para prover de cobertores a fim de nos aquecer e
confortar nas noites de extremo frio.
Tenho uma vontade tremenda de conhecer pessoas iguais a mim
Que vivem diferente
Que são distintas daquela que se prezam normal
Vivendo como se os dias todos fossem de janeiro
Não quero dinheiro
Quero viver
Com prazer
Os dias inteiros.
23 junho 2013
"Você acredita no destino? Ah, o destino. Sequência imprevisível de fatos que fazem a vida do homem, independente da sua vontade. Alguns o chamam de sorte, fado, fortuna, sina. Seja com que nome for, destino é o que aquilo acontecerá com você no futuro. Você acredita no destino? Eu não. Eu acredito que o ser humano tem o poder e totais condições para estragar a sua própria vida sem a ajuda de ninguém. Tomando as decisões erradas na horas impróprias, aliando-se a canalhas diversos, acreditando em heróis, crentes, e outros farsantes. Apaixonando-se por pessoas doentes ou de péssimo caráter e principalmente acreditando cegamente em sua própria inteligência, bondade, charme, sanidade e senso de justiça. Um grave erro." (Estrada - 1995, dir: Jorge Furtado)
Sinto o som da chuva no zinco que reconforta a mente medrosa
Misturada com a rotineira musica clássica
Calmante sagrado para repousar
Para desviar pensamentos ruins
O imã natural do sono chegou aos olhos
Será que amanha serei útil?
O melhor nessas horas é agradecer e tentar dormir sem
pensar.
Madrugada de 3 de Março de 2013
21 junho 2013
"Talvez os seres humanos não foram feitos para serem livres e felizes ao mesmo tempo. Sempre estamos tratando de nos escravizar de uma forma ou de outra. Se não é através de uma carreira, é por um relacionamento ou por filhos." (Slacker - 1991) "Quando jovens, nos afligimos por uma mulher. Enquanto envelhecemos, nos afligimos pelas mulheres em geral. A tragédia da vida é que o homem nunca é livre, mas se esforça pelo impossível. A coisa mais temida em segredo sempre acontece. Minha vida, minhas paixões, onde estão agora? Mas quanto mais a dor cresce, mais se mantém de alguma forma o instinto pela vida. A beleza necessária da vida é entregar-se a ela completamente. Só mais tarde ficará mais claro e coerente." Old Man (Slacker - 1991)
20 junho 2013
Crescer é difícil. Conquistar as expectativas que o colocam
é mentalmente desgastante. Sortudos são
aqueles que crescem com a certeza do que querem, do que querem ser
profissionalmente. E os que nunca tiveram ideia disso, sempre nada o despertou,
ficam perdidos. É preciso ter muita coragem para ser adulto.
As mulheres são individualistas por natureza. Os homens não.
As mulheres têm sempre que se diferenciarem das outras. A cor do esmalte das
unhas tem que ser exclusivo. A roupa tem que ser única e irrepetível. Os homens
possuem uma índole mais coletiva. Geralmente não se importam de não serem
excepcionais. Conservam a mesma amizade da adolescência. Hesitam em fazer novas
convivências. Frequentam o mesmo clube sem inveja. Vão ao mesmo bar para relaxar
e conversar, sem colocar o ego em primeiro lugar. Mesmo com o contato com
outros que não conhece bem - possíveis inimigos -, basta algumas palavras e
doses que chegam a um ponto de intersecção de gostos. As mulheres não. Ao
contrário dos homens, estão sempre alimentando a rivalidade interpessoal. A
maioria das mulheres são muito difíceis, por serem extremamente egoístas. Ilusoriamente
sempre certas.
19 junho 2013
A bebida é uma das poucas coisas que dão brilho à vida.
21 maio 2013
A música 1979, do The Smashing Pumpkins, exala um ar de
descomprometimento e vivacidade juvenil. Possui uma sonoridade muito aconchegante.
Banda de
muita qualidade que me arrependo de não ter me aprofundado devidamente na época
da adolescência é a Tool. Precisamente foda. Peso e técnica na medida. Aquela
da figura icônica do Maynard James Kennan (posteriormente também vocalista da
banda A Perfect Circle), tanto pelo seu vocal gritante, seu estilo singular de
corte de cabelo e pela sua performance hipnotizante na frente do palco. Maynard
na época do inicio do Tool se mostra extasiado nos shows. Com aquela vontade,
socando o microfone na boca do estomago e no limite com trejeitos de Jello
Biafra nas apresentações dos Dead Kennedys, mas menos louco, claro.
O som
pendendo pro trash metal de “Opiate”,
o primeiro registro fonográfico da banda é o que mais agrada os que apreciam a
fúria de muita força na guitarra e dois bumbos como metralhadora. Uma pegadinha
para o que viria depois, um som mais elaborado que aparece nos trabalhos
posteriores, especialmente com “Lateratus”, que mostra um estilo mais melódico
mas não menos pesado e sim extremamente perturbador, pelos temas mais filosóficos
e religiosos, pela sonoridade, e principalmente pelos seus videoclipes que mais parecem
curtas alegóricos. Escorando-se no baixo mais presente de Justin Chancellor, maior exemplo
está em "Schism", que lembra a introdução de "Spirit Crusher" do Death. “Schism” é
somente mais uma das tantas músicas marcantes da banda. Tool não é convencional. Se ainda não conhece, precisa, porque é uma viagem alucinante.
Tool
Origem:
Los Angeles, Califórnia
Estilo: algo como metal
alternativo-progressivo (não importa – rótulos são indispensáveis quando se é
intenso).
Se há uma nação que aparenta ser muito mais patriota que a nossa
essa nação é a Argentina. Até porque o Brasil é, na verdade, um continente com
muitos Estados Países multiétnicos. Porem, na Argentina esse ufanismo se
reflete potencialmente no tango e no rock
argentino; duas das principais manifestações musicais do país. E aqui o que há
é uma miscelânea de ritmos que não representam o país como uma unidade.
No momento, o que não para de tocar nos fones de ouvido, por
questão de preferencia, é esse rock
apaixonado que se faz no outro lado do rio. Percebe-se como espectador distante
que há muito mais orgulho, mais vigor em passar esse pertencimento identitário
através desse gênero. O rock argentino
é parnasiano. Os artistas parecem serem mais valorizados. Músicos que são
cânones atemporais no país ainda lotam estádios, vide Charly García e Fito Páez.
Talvez os mais conhecidos aqui no Brasil. Mas o catálogo de artistas ídolos do rock da Argentina é extenso.
Na metade dos anos 1960, quando o rock tomou conta da Inglaterra e dos EUA, os argentinos de imediato
tiveram contato com essa revolução cultural e logo nasceram bandas como Los
Gatos, Manal e Almendra. Grupos que se podem considerar precursores do estilo
na Argentina. Enquanto aqui no Brasil ainda estávamos engatinhando. O ritmo
ainda não existia. Recém tínhamos versões de Celly Campelo e depois da Jovem
Guarda. Nossos vizinhos estavam há muitos anos na frente em termos de produção
cultural por meio do rock and roll.
Lá a efervescência era grande. Depois apareceu Pescado
Rabioso, Sui Generis, Serú Girán, Pappo’s Blues (liderada por Norberto ‘Pappo’
Napolitano a maior autoridade de blues
que existiu no país), Color Humano, Vox Dei; e uma infinidade de bandas que
faziam aquele rock clássico de alta
qualidade. Muitas delas tocaram no mesmo palco, em 1972, no famoso Festival B.A
Rock, retratado no filme ”Hasta que se Ponga el Sol”, de Aníbal Uset, algo como
o Festival de Woodstock da Argentina.
O filme é um documento histórico cultural do país e ali se tem a real noção do
brilhantismo do rock feito pelos
nossos “hermanos”.
Fazer uma lista é um processo muito subjetivo. Geralmente,
escolher as preferidas é um sofrimento. Mas essa não foi difícil. São canções que
no primeiro contato já se sente porque são aclamadas em seu país. São temas que
tocam realmente, pelo lirismo que possuem. Transcendem questões de gostos
específicos. São belas canções universais. Ei-las:
10.Trátame
Suavemente - Soda Stereo:A banda mais popular da Argentina dos anos 1980 e
1990. Sucesso da mesma proporção que a Legião Urbana aqui no Brasil. Formada
pelo baterista Charly Alberti, pelo vocalista e guitarrista Gustavo Cerati e
pelo baixista Zeta Bosio. A Soda Stereo, durante 15 anos (1982 – 1997) de
carreira estiveram no topo da fama. Maior exemplo de tamanho prestígio do trio
são as duas apresentações entusiasmadas, como atração principal do Festival
Internacional da Canção de Viña del Mar, em 1987.
São autores do famoso hit
“De Musica Ligera”, que foi tema de duas versões aqui: uma d’Os Paralamas do
Sucesso, com o mesmo nome; e outra do Capital Inicial, chamada “À sua Maneira”.
Em 2007, reuniram-se para a turnê Me Veras Volver. Na volta triunfal fizeram
história ao ser a primeira banda de rock
a realizar cinco shows seguidos no
Monumental de Nunez, Estádio do River Plate. Posteriormente, apresentaram-se
também, no México, Estados Unidos, Colômbia, Venezuela, Equador, Peru e Chile.
Finalizada a excursão cada um retornou para os seus projetos. Tristemente, em
meados de 2010, Gustavo Cerati sofre um AVC, em meio a uma
apresentação em Caracas. Desde lá continua em coma na Clínica Alcla, em Buenos
Aires. Soda Stereo é, sem dúvida, uma das bandas mais imprescindíveis do rock ibero-americano. Tratame Suavemente é o tema mais
romântico da banda. Deve ter embalado muitos casais na época. Outros, entre
tantos, enormes sucessos do Soda, destacam-se: Nada Personal, Persiana
Americana, Cuando Pase el Temblor
e En
la Ciudad de la Furia.
9. Imágenes Paganas -
Virus:Virus é uma banda pop
tipicamente dos anos 1980. Daquelas do estilo New Wave; que abusam do teclado, sintetizadores e bateria
eletrônica. Fizeram considerável sucesso até 1988. Ano em que perderam para o
HIV o seu líder, Federico Moura. Continuaram por mais um ano, com o irmão de
Federico nos vocais. Em 1994 voltaram, e estão ativos até hoje. Mas, nunca mais
chegaram perto de Imágenes Paganas, o
maior sucesso da banda no seu auge.
8.Seguir Viviendo sin tu Amor
- Luis Alberto Spinetta:O
El Flaco. Foi um dos poetas musicais mais importantes da Argentina. Compositor,
cantor e guitarrista. Mentor de uma das bandas seminais do rock do país, o Almendra. As letras de Spinetta vertem influencias
de filósofos, escritores, poetas e pensadores de renome, como: Rimbaud, Castaneda, Foucault, Deleuze, Nietzsche, Jung, Freud e Artaud. E é
Artaud o nome do principal álbum do Pescado Rabioso, grupo liderado por
Spinetta de 1971 a 1973. O guitarrista David Lebón (Serú Girán) também fez
parte da banda. Foram apenas três anos de duração, mas o suficiente para
editarem três obras primorosas: Desartomentándonos (1972), Pescado 2 (1973) e
Artaud (1973). Este último considerado, através de uma votação da revista
Rolling Stone, o melhor disco da história da música Argentina. O Pescado
Rabioso era um grupo que fazia baladas e um blues rock impecáveis. Por suas produções nos anos 1970, Spinetta foi
reconhecido em toda a América do Sul. Foi partícipe de outras bandas nas
décadas seguintes: Invisible, Spinetta Jade,
eSpinetta y los Socios del Desierto. Depois seguiu carreira solo ativamente -
até dia 8 de fevereiro de 2012, quando a notícia de sua morte por câncer no
pulmão entristeceu a todos que sentiam sua genialidade. Com a melosa Seguir Viviendo sin tu Amor nota-se a
dimensão de sua sensibilidade artística. É um bom ponto de partida para
começar a conhecer o seu trabalho. Outro
clássico seu é Rezo por Vos (parceria
com Charly García). Imaginem o que pode sair dessas mentes juntas.
7. Carabelas Nada - Fito Páez:um dos principais e exímios compositores do país, do porte de Spinetta
e Charly Garcia. Talvez o músico argentino de maior popularidade no exterior.
Seu álbum El Amor Despues del Amor (1992)
é o mais vendido de toda a história do rock
argentino, ultrapassando a marca de 700 mil unidades. Isso rendeu uma turnê
de estádios lotados em nove países e uma apresentação para um público de 50 mil
em Cuba, a primeira de um artista estrangeiro na Plaza de La Revolución. Seu hit pop Mariposa Tecknicolor foi talvez a música argentina mais
tocada nos anos 1990. Além de músico e compositor, se aventurou no cinema.
Dirigiu e escreveu um média metragem (La Balada de Donna Helena) e um longa (Vidas Privadas).Dentre os artistas argentinos é o que cultiva maior ligação com o
Brasil. Foi regravado e fez parcerias com Caetano Veloso, Os Paralamas do
Sucesso, Djavan, Thedy Correa, Titãs. É um aficionado pela música brasileira.
Fã de Chico Buarque, Fito já fez muitas referencias ao poeta brasileiro em suas
canções e regravou a música Construção no álbum Confiá, de 2011. Carabelas Nada na primeira
palavra menciona Chico Buarque. É um tango arrastado, com uma bela linha de
piano. É uma canção que suscita imagens. Um retrato de Buenos Aires, do bairro
Caballito numa tarde chuvosa, de belas mulheres com suas lindas pernas descendo
de um taxi. Fito tirou essa balada de dentro da alma.
6. Los Dinosaurios - Charly
García: este dispensa maiores apresentações. Com mais de 40 anos de
carreira é sinônimo de rock
argentino. É uma das personalidades mais icônicas da América Latina.
Reconhecido tanto pelo seu talento musical, como pelo seu comportamento
polêmico e desregrado. Cantor, compositor, produtor, guitarrista e perito em
piano. Artista ativo, liderou bandas do primeiro escalão do rock argentino, como Sui Generis,
PorSuiGieco, La Maquina de Hacer Pájaros e Serú Girán. Desde 1982 possui uma
equilibrada carreira solo. Já deixou seu legado na história da música
argentina. Nem é necessário produzir mais. Mas quanto mais do Charly melhor.
Los Dinosaurios é uma das mais lindas composições de sua carreira como solista.
É uma balada triste que versa sobre perda, sobre o imprevisível e a brevidade
da vida.
5. Seminare - Serú Girán:
para muitos críticos e melomaníacos argentinos é considerada como a maior banda
de rock da Argentina de sempre.
Formada por Charly García, David Lebón, Pedro Aznare Oscar Moro; o grupo
foi referencia de protesto contra a ditadura, e se destacavam por misturarem
gêneros musicais como, blues, jazz e progressivo. Em muitas de suas
músicas a impressão que se tem é como se o Pink Floyd (progressivo do Charly
Garcia) tivesse o Jaco Pastorius em sua formação (pela técnica no baixo fretless do Pedro Aznar). Na letrística
transitavam por temas universais como amor, solidão, nostalgia e costumes. Seminare, juntamente com Eiti Leda, são as principais canções de
amor deles. Estão juntas no álbum homônimo de estreia da banda, de 1978.
4. Canción para mi Muerte -
Sui Generis: como o termo significa, foram únicos no país. A primeira banda
de Charly García e Nito Mestre - o flautista latino. Junto com eles, fizeram
parte do grupo: Carlos Piegari, Beto Rodríguez, Juan Belia e Alejandro Correa.
Ao longo de sete anos de atividade ocorreu várias deserções na banda. Mas a
essência era a dupla. Cancion para mi Muerte
é a obra prima da banda folk. É uma
epígrafe nostálgica para a morte dos sonhos da juventude.
3. La Colina de la Vida -
León Gieco: o Bob Dylan argentino. Um dos maiores compositores e cantores
populares da Argentina. Autor de muitas músicas de cunho social e político.
Gieco é a mistura de rock rural com
folclore urbano. Suas canções são libelos a favor dos direitos humanos. É a
outra ária eterna de Gieco. Da altura emotiva de Sólo Le Pido a Dios. Para os mais roqueiros podem conhecê-la na
versão mais punk da banda Attaque 77,
dividindo o microfone com o próprio Gieco.
2. Sólo le Pido a Dios -
León Gieco: é o seu tema mais afamado. Literalmente um hino contra a
injustiça social. Canção eternizada e reconhecida (se não mundialmente, deveria
ser), na voz da grande Mercedes Sosa. Além desta e de La Colina de la Vida, outra composição sua de ampla notoriedade é Hombres de Hierro.
1. Viernes 3am - Serú Girán:A pérola do supergrupo de rock mais
cultuado pelos castelhanos. Viernes 3am é a canção mais linda já feita na
Argentina. Os arranjos, a harmonia, o vocal do Charly e o som dos ponteiros do
relógio tornam-na única. Arte perfeita.Inesquecível.