26 janeiro 2012

Essencial

A vida é tão bela quando se olha pela janela
Numa estrada
Quando se olha pro céu misterioso
Azul cor de geladeira velha

Pro verde infinito dos campos
Só o que vem é agradecer
Deixa-se de lado o triste e o errado
Só queremos sorrir sem sofrer

Não esquecer o que nos faz bem
Aprender com os traumas passados
Mergulhar nas experiências
Deixar de sofrer por antecedência

Abraçar a família
Valorizar o amigo
Beijar a mulher temida
Provar o desconhecido

Comemorar cada conquista
Mesmo que seja mínima
Não esmorecer a cada derrota
Mesmo que seja catastrófica

Tentar melhorar a cada dia
E que nada seja tão perturbador
Ah!
O importante é conseguir dormir tranquilo.

23 janeiro 2012

A existência breve dos The Bousy's


A partir desta edição traremos sempre um pouco da história de bandas de rock são-borjenses. Desde as seminais da cidade até as atuais que estão na ativa.

A primeira banda a ser citada é a The Bousy's, formada no fim dos anos de 1960 por cinco são-borjenses, adolescentes e estudantes. Faziam parte do grupo José Aragon, na guitarra e vocal; Ademar Melo, na guitarra solo; Sérgio Seintenfus era o baterista; Luiz Antonio Fonseca (Toco) no comando da escaleta e vocal; e Ildefonso Barbará Dornelles no contra-baixo e  também no vocal. “A banda foi criada aqui em São Borja. Nós estudávamos em Porto Alegre e morávamos aqui nas férias, compramos os instrumentos lá e chegamos a tocar e fazer ensaios lá, mas nós formamos mesmo aqui. As apresentações todas foram feitas aqui. Isso era por volta de 1967 e 1968”, conta Ildefonso Dornelles.

Como na época era aquela efervescência dos Beatles e das chamadas bandas da invasão britânica, o grupo seguia esse estilo e sonoridade. Reproduziam aquelas versões de sucesso da era da Jovem Guarda. “Nós tocávamos muitas versões de músicas dos Beatles e da Jovem Guarda, que no inicio gravava muitas versões de rock inglês e americano. Nós começamos basicamente mais calcados na influência desses grupos. Tocávamos versões que já existiam do Renato e seus Blues Caps e de outras bandas brasileiras. Nós não tínhamos facilidade com inglês, então poucas músicas nós cantávamos em inglês. Mas a influência foi basicamente daqueles primeiros grupos, Beatles, Herman Hermiths.”, explica o baixista Ildefonso Dornelles.

O nome incomum, The Bousy's, foi tirado de um dicionário de inglês, que segundo Ildefonso, significava “bêbados”. Uma expressão que hoje não é mais usada.

As músicas eram tiradas pela audição incessante dos álbuns que os integrantes traziam da capital, porque em São Borja nessa época não tinha uma grande variedade de discos à venda.

A primeira apresentação da banda foi como grupo de abertura de uma noite de rock no clube comercial. “Nós começamos quando veio uma banda de rock da Argentina que tocou no comercial, e, então, nós fizemos a entrada. Foi a nossa estreia.”, relembra Dornelles.

A banda fez shows somente aqui em São Borja, apesar de terem sondagens de tocar nas cidades vizinhas de Itaqui e Uruguaiana. “Fizemos vários shows aqui na cidade. Tivemos muita procura... muita solicitação. Nós chegamos a apresentar acho que uma música própria, mas as férias eram curtas, então acabamos ficando por aqui.”

Ao contrário do que se pode pensar, Ildefonso recorda que existia, na época, bastante espaço para se tocar esse tipo de música em São Borja. “Se a gente teria se dedicado mais teríamos uma agenda cheia. Se nós morássemos em São Borja, se continuássemos ensaiando e evoluindo. Havia espaço.”

Como a banda era um passatempo de férias, sua duração foi de no máximo de dois anos. Todos os integrantes estudavam em Porto Alegre, então quando voltavam às aulas a banda raramente se reunia. “A banda durou até o momento que fizemos vestibular. Eu fui para Passo Fundo e os outros foram pra faculdades diferentes e daí dispersou o grupo”.

Segundo Ildefonso Dornelles, o baixista da banda, o grupo foi um dos primeiros da cidade a tocar um repertório essencialmente do rock and roll da época. “Antes aqui em São Borja chegou a ter outras bandas, mas dai era mais música tipo de baile. Os que tinham eram Os Sheiks e Os Dinâmicos; eram mais profissionais, moravam aqui e tocavam em baile e no carnaval. A nossa foi uma banda focada mais no rock mesmo... Pioneira nesse aspecto. Então foi uma novidade”, finaliza o Bousyano.

22 janeiro 2012

Antes da viagem: no altar do bar

Rodoviária é um não lugar
Como tantos ambientes
Lugares de passagem
Não só de chegada e de partida
Mas, sim, de espera
Pelo inusitado da vida

Nas lancherias
Bebidas
Comidas
Velhos experientes debruçados no balcão
Mitigando seus prazeres

Com os ouvidos aguçados pode-se aprender
Com eles
Histórias nas costas
Essências de gente

Vômitos entorpecentes

Inevitável transição

Famílias dando tchau
Filhos e filhas rumo à vida real
Chegou a hora de pensar na função existencial
Aprender a viver só

Conhecer as emoções cruéis
A alegria que preenche
A tristeza brutal... Que esvazia
E anfraquece

Lutar com seu eu
Desvairar-se nos prazeres químicos
Fugir
Enfrentar

Escapar da insanidade
Buscar objetivos
Aprender a viver na solidão
A equilibrar o espirito

O não pelo sim
O negativo pelo positivo
O congelamento pelo movimento
A preguiça pela disposição

O medo pela coragem.

21 janeiro 2012

A paixão de um poeta

 

João Sampaio pode ser considerado o poeta basilar da cidade de Itaqui, no que se refere à poesia campeira gaúcha. Assim como cada cidade tem o seu, ou seus poetas mais férteis e respeitados no resto do Estado, como: Rillo, em São Borja; Jayme Caetano Braun e Noel Gaurany em São Luiz Gonzaga; João Sampaio é o representante “do” Itaqui. Com sua poesia de galpão, mas sem deixar de ser atento a temas exteriores e universais, Sampaio inunda os gaúchos com o seu olhar do homem rústico e seu cotidiano.

Conhecido, e reverenciado pelo nicho artístico gaúcho, e devidamente já apresentado por diversas matérias e reportagens sobre sua vocação e arte - sendo até tema de trabalho de conclusão de graduação – o autor do clássico da música gaúcha Entrando no M’Bororé, já publicou 19 livros de poesia e dez álbuns de letras autorais.

Depois de tantas poesias suas já musicadas e interpretadas, o poeta expressa virtualmente sobre sua aptidão: “Resguardada a proporção, eu sou que nem o meu compadre Mano Lima, que, segundo o próprio, tirando o cavalo e a gaita não sabe nem varrer o galpão. Não sou tão narcisista para dizer que a minha única vocação é a poesia, mas posso tranquilamente afirmar (sem falsear a verdade e sem ser também exibido!) que eu sou um homem habitado de poesia!”.

Incansavelmente João Sampaio produz. Possui uma facilidade nas rimas como os antigos trovadores, com a diferença que a aplica na escrita; seja numa simples dedicatória de um livro seu para um amigo, ou até nos e-mails que envia (recentemente se entregou a essa ferramenta moderna), sempre presenteia um verso crioulo.

Desde pequeno aficionado pelas palavras e pela rica cultura gaúcha além-fronteiras, as descendências e as formações do homem campeiro sul-americano; João Sampaio encontrou na poesia sua missão: a de exaltar, manter e repassar o legado identitário dos seus ancestrais. O seu afã por novos conhecimentos, a dedicação e inspiração são constantes no seu labor poético.

“Tudo que diga respeito ao macro e ao microcosmo deste universo que nos tocou viver, é, para mim, matéria prima para poesia e música. Como eu escrevo sobre o homem do campo, viver no campo, em contato permanente com a matéria prima do meu ofício é algo sortilegiadamente benfazejo e mágico”, declara.

Quanto ao motivo de sua disposição e paixão em produzir a poesia crioula, Sampaio finaliza: “Me acho na obrigação de cantar o tempo em que vivo e o chão em que piso e uma das poucas coisas que lamento é a de a grande mídia não dar, para quem canta a sua terra e a sua gente, o mesmo espaço que dá para o lixo poético e musical que em outros países é produzido. Quero continuar fazendo a minha arte com essa mesma aura que me permitiu ser ouvido, lido e consumido sem precisar como os sertanejos usar chapéu e indumentária de caubói texano e nem tampouco ficar refém e escravo do mau gosto do chamado povão”.

09 janeiro 2012

"Ser moderno é estarmos em um ambiente que nos promete aventura, poder, diversão, crescimento, transformação de nós e do mundo - e que ao mesmo tempo ameaça destruir tudo que temos, tudo que sabemos e tudo que somos."

Marshall Berman, Tudo que é sólido derrete no ar.

06 janeiro 2012

Medialunas: revelação para agradar a geração X


Medialunas (croissant em castelhano) é um duo porto-alegrense formado pelo casal Andrio Maquenzi (ex-guitarrista e vocalista da Superguidis) e Liege Milk (baterista, baixista e vocalista da Loomer e Hangovers). 

A dupla cria um som sujo e barulhento calcado na guitarra arranhada de Maquenzi - vide riffs da, infelizmente, extinta Superguidis - e na bateria segura de Liege.

 Para quem ouve pela primeira vez, pode-se ter a certeza que se refere a uma banda americana transportada direto da cena de Seattle do inicio dos anos de 1990. Por cantarem em inglês e, principalmente pela sonoridade que vibra à juventude.

 É uma feliz notícia, não só pra quem cresceu no inicio daquela efervescência, mas todos que curtem, assim como eu, uma boa atitude no palco e muito barulho dissonante. 

Quanto à comparação inescapável com o White Stripes: soa equivocada, pois o estilo é um tanto diferente, mas fazem uma confusão boa à altura. Sem exagero, mas não fariam feio ao lado do “casal” americano. Liege não perde nada para a Meg em termos de técnica e força, possui até mais vontade e paixão do que a americana.

Estamos bem representados com eles aqui em termos de duo. Possuem aptidão para exportarem seu trabalho pras outras Américas, e quiçá, um dia, pro Velho Mundo.

Encontra-se a distorção do Sonic Youth, os timbres de Yo La Tengo, e - em certos momentos - o peso do Foo Fighters.

As referências da banda não negam:

Screamfeeder, Amusement Parks on Fire, Sonic Youth, Yo La Tengo, Superchunk, Nirvana, Foo Fighters, My Bloody Valentine, Dinosaur Jr, Swervedriver, Filmschool, entre outras não citadas. 

A dupla já disponibilizou quatro faixas de sua autoria e possui um videoclipe gravado. 

Mais informações sobre a banda no link: 
http://www.botequimdeideias.com.br/flogase/tag/medialunas/

Assista o primeiro vidoclipe da banda:




Nitrovoid: mantendo o grunge pesado no sul


A Nitrovoid é mais uma banda da nova geração do nosso rock que merece atenção.

O grupo surgiu no final de 2006 na cidade de São José do Norte. É formada por JF Costa, no vocal e guitarra; Erlon M, na guitarra e também no vocal; Alex Under, na bateria; e William F, no baixo.

Com um som e um conceito mais obscuro, a banda apresenta um rock que se atêm em melodias elaboradas e no cuidado na concepção das letras. Sua sonoridade remete ao estilo de bandas como Alice In Chains e Soudgarden, ao Stoner Rock desértico do Kyuss e também a bandas não tão midiatizadas como Tool e A Perfect Circle. Como base de referência clássica tem-se o Pink Floyd e, principalmente, o Black Sabbath e sua aura mais hermética. A banda vai por esse lado mais emocional da mensagem pelo som.

“Letras abstratas (...) de reflexões acerca de questões como sexo, vida, morte, religião, fé (...) escritas em sua maioria amparadas por metáforas e com o diferencial de ser cantado em português. Guitarras distorcidas e um punhado de ideias artísticas que remetem ao expressionismo abstrato de Jackson Pollock”.

Esse é o cartão de visita dessa banda que já gravou 3 EP’s: "Morphocoda" de 2008, "Karmavírus" de 2009 e "Bivalente" de 2011. Nesse ano o grupo lançou o single "Senhor de Todo Caos" e encontra-se em processo de gravação do seu próximo disco, intitulado de “Janelas de Chumbo”.

Em seus cinco anos de carreira, a banda vem aumentando seu séquito de fãs.

Em 2010 chegou na 4ª colocação, entre 160 bandas gaúchas, no concurso “A Melhor Banda é Daqui” da promoção da cerveja Polar. Tal mérito rendeu à banda uma apresentação em Porto Alegre ao lado da banda Cachorro Grande. E, no ano passado (2011), levantou o prêmio de melhor música, letra e arranjo; com “Cosmo Modular”, na 5ª edição do Festival de Arte e Cultura Seiva da Terra, em Rio Grande.

“Acreditamos que a melhor maneira de passar nossa mensagem é através da arte. Sendo assim, convidamos você a embarcar nessa viajem sem limites através do som da Nitrovoid.”

Mais informações:
http://nitrovoid.blogspot.com/

Assista a um video da banda:

05 janeiro 2012

Frases boemias

Algumas frases espontâneas regadas a cerveja que tomei nota nesses últimos anos.


“O baixo é a harmonia, a guitarra é a alegria, a bateria é a euforia e o vocal a paixão.” (Chuco de Jah)

“A bebida é o consolo do perdedor, e o combustível criativo de quem tem vontade de vencer.” (Fábio Gudolle)

“O sexo pode servir como anestesia para os problemas da vida.” (Fábio Gudolle)

“Vinho pode ser tinto ou branco, mas c* tem que ser rosê!” (Fábio Gudolle)

“Tudo vira piada, esse é o Brasil.” (Frederico Bravo Pillon)

“Te amo virou bom dia, hoje em dia.” (Frederico Bravo Pillon)

“A bebida é uma válvula de escape prestes a fundir.” (Frederico Bravo Pillon)
 
“Comer é pra porco, beber é pra quem vive a vida.” (GF)

“O negócio é o cara viver alienadão!” (GF)
 
“A pior hipótese é zero.” (PS)

“Hoje, o que custa vale.” (PS)

“Poucas, mas bem aproveitadas.” (PS)
 
“Às nossas qualidades que são poucos que reconhecem.” (Paulo Oliveira – na ocasião de um brinde)

“Devagarinho... como quem fode de luto.” (Paulo Oliveira)
 
“A natureza é sábia.” (JCA)