Por volta do final dos
anos de 1960 e inicio de 1970, existiram três grupos musicais bastante ativos
em São Borja, em que alguns integrantes chegaram a participar de formações das
três bandas. São elas: Os Dinâmicos,
Os Soprantes e Os Sheiks.
Dessa vez vamos nos
ater na história do conjunto Os
Soprantes.
A banda nasceu em
meados de 1968 a partir da ideia e da vontade do Sargento Naval carioca, Jerson
Mendes. A formação inicial da banda consistia em: Jerson Mendes, na guitarra e
no vocal; João Aires da Silva, na bateria; e José Nascimento, também na
guitarra; ambos são-borjenses.
Mas cerca de um ano
depois, em 1969, entra então a figura do músico, também natural de São Borja,
Alfredo Ramos: “Comecei a ir aos ensaios dos Soprantes. No início da banda o
Jerson só tocava músicas
românticas, baladas,
boleros; e o que estava bombando na época eram as músicas do Renato e Seus Blue Caps, Os Incríveis,
e outros”, conta.
Com a necessidade de
adicionar a esse repertório inicial os sucessos do momento, a banda então
recebeu o acréscimo de mais integrantes, com o intuito de executar tais temas.
Houve, a partir daí, um rodízio na frente dos instrumentos.
“O José Nascimento não sabia fazer na
guitarra, a batida, os ritmos
das músicas dessas bandas do
momento. Eu as treinava em casa, em meu violão e, uma vez no ensaio deles, eu peguei a
guitarra e fiz os ritmos
das músicas do Renato, e o João Moiano (são- borjense)
que fora junto comigo, as cantou. Aí o Jerson gostou e nos convidou para fazer
parte dos Soprantes. Então
passei a ser o guitarrista dos Soprantes, o José Nascimento passou para o
contrabaixo (que ninguém tocava
por não ter músico para tal
instrumento) e o João
Moiano saiu dos Dinâmicos
e
passou a fazer parte dos Soprantes, cantando e tocando trompete”, relembra
Ramos.
Ramos recorda também
como que o teclado começou a fazer parte da sonoridade do conjunto: “O Jerson
comprou um teclado marca Arbon, era
um show da época. Eu treinei muito
no piano do Clube Comercial, durante a Quaresma e quando esta terminou,
treinando no piano, eu me tornei um músico autodidata e aprendi a acompanhar,
no teclado, 15 músicas
do repertório
dos Soprantes. Foi então que o José Nascimento voltou para a guitarra e o meu
amigo Joel (nativo de Santo Ângelo) saiu dos Dinâmicos e veio fazer parte, também, dos Soprantes,
tocando o contrabaixo”.
O repertório foi
definido com basicamente músicas dançantes, para animar bailes, com a execução
de temas do Renato e Seus Blue Caps, Os Incríveis, e outras bandas nacionais
famosas da época; além das baladas românticas a cargo do fundador Jerson
Mendes.
Formação e set list consagrados, o grupo ganha o
gosto do público e começa a tocar em boa parte dos bailes do Clube Comercial; assim
como nas boates da casa também.
Nessa época fazem shows em outras cidades do Estado, como:
Porto Lucena, Santa Maria, Santiago, Porto Alegre e Uruguaiana.
A banda seguiria nessa
constante de sucesso por dois anos, até que por desentendimentos aconteceu a
separação do grupo. Alfredo Ramos, João Moiano, Joel Nascimento e João Aires da
Silva resolvem sair e formar Os Sheiks.
Os Soprantes ainda
seguiriam por mais um ano com o fundador Jerson Mendes, junto a outros músicos.
Mas, por estes serem de outras cidades acabou por inviabilizar o prosseguimento
da banda. Por pelo menos quatro anos Os Soprantes animaram as noites
são-borjenses.
Os
Soprantes no Aeroporto (Campo de Aviação) de São Borja: da esquerda para a
direita; Alfredo Ramos, João Aires da Silva, Joel Nascimento, João Moiano,
Jerson Mendes, e Pedro (bagagista da banda).