16 abril 2013

A estreia encantada de Bebeto Alves


Ás vezes nos bate uma sensação de nostalgia de tempos que não vivemos, de filmes que só ouvimos falar e de músicas que nunca escutamos. Encantamo-nos com coisas que não lembramos, mas que nos soam familiar. Informações escondidas no âmago da nossa mente. É por isso que sentimos entusiasmo ao (re) descobrir algo que nos dá prazer.

Foi exatamente esse o efeito ao encontrar e escutar o primeiro álbum do músico gaúcho Bebeto Alves. Parecia que conhecia aquelas músicas. Quem sabe tenha escutado quando criança... Tenha ouvido no rádio, em casa... E a memória tenha retido e ficado hibernada no consciente.

O disco é de 1981. Foi produzido por Carlinhos Sion e teve como grupo de apoio os músicos da banda Bixo da Seda. A obra traz um clima de lamento telúrico nos arranjos das suas 11 faixas. Principalmente na abertura com “Sant’Anna do Uruguay” (com Luiz de Miranda), que usa a ponte e o rio como metáforas para falar de pertencimento e saudade. E o sucesso radiofônico “De um Bando”, que mais parece uma música tribal, de chamamento, com um instrumental crescente, embasado num bombo leguero enfático. Na mesma essência seguem-se “Água” (Cao Trein); e “Fogueirais”, “Raiar” e “Bandeira” (esta com Fernando Ribeiro). Temas com ares de bucolismo para se ouvir na companhia do isolamento, e do mate; eterno fiel amigo.

O uruguaianense Bebeto Alves é um músico peculiar do Estado. Surgido com aquela turma dos anos de 1970 da chamada Música Popular Gaúcha, junto com Carlinhos Hartlieb, Nelson Coelho de Castro, Cao Trein, Claudio Vera Cruz, Nando D'Ávila, Raul Ellwanger, entre outros. Nomes que agitaram a música rio-grandense da época, com a apresentação “Voltas” (gravado ao vivo em 1977 e lançado em CD em 2004) e com o álbum “Paralelo 30” (de 1978).

Bebeto nunca foi estático. Sempre procurou se reinventar musicalmente. Tem como característica a aproximação da milonga com a música moderna, o rock com o folclore gaúcho, e esse trabalho é seu nascimento artístico e quiçá sua obra- prima. Hoje, um álbum um tanto esquecido, mas que ao escutar se percebe sua força e beleza musical. Um álbum para abalizar sua carreira de mais de 30 anos. Se tu tens esse LP guardado, sinta-se um privilegiado.

Dica: no seu sítio oficial (www.bebetoalves.com.br) é possível escutar essa relíquia na íntegra. Além de “Pegadas” (1987), “Mandando Lenha” (1998), “Blackbagualnegovéio” (2004/2006) e de todos os seus outros criativos trabalhos.




Vinil Bebeto Alves (1981)
1.       Sant’Anna do Uruguay
2.       De um bando
3.       Água
4.       Momento encantado
5.       Moleque do parque
6.       A mão e o medo
7.       Fogueirais
8.       Raiar
9.       Bandeira
10.   Kraft!... Mesmo
11.   Polvadeira


2 comentários:

Nei Duclós disse...

Não fiz nada em De um bando, do Bebeto Alves.Por que sou citado ali? Por favor, corrija. Bebeto musicou meus poemas Surrei a Vida e O Portal Úmido. Nada tenho a ver com essa citação. De onde tiraram essa informação errada?

Fábio Gudolle disse...

Me desculpe Nei. Eu que fiz confusão com a informação do site Durango 95. De acordo com esse site a sua parceria com Bebeto é somente na música "A Mão e o Medo". Já tirei a citação. Desculpe o transtorno.