Ás vezes nos bate uma sensação de nostalgia de
tempos que não vivemos, de filmes que só ouvimos falar e de músicas que nunca
escutamos. Encantamo-nos com coisas que não lembramos, mas que nos soam
familiar. Informações escondidas no âmago da nossa mente. É por isso que
sentimos entusiasmo ao (re) descobrir algo que nos dá prazer.
Foi exatamente esse o efeito ao encontrar e escutar
o primeiro álbum do músico gaúcho Bebeto Alves. Parecia que conhecia aquelas
músicas. Quem sabe tenha escutado quando criança... Tenha ouvido no rádio, em
casa... E a memória tenha retido e ficado hibernada no consciente.
O disco é de 1981. Foi produzido por Carlinhos Sion
e teve como grupo de apoio os músicos da banda Bixo da Seda. A obra traz um
clima de lamento telúrico nos arranjos das suas 11 faixas. Principalmente na
abertura com “Sant’Anna do Uruguay” (com Luiz de Miranda), que usa a ponte e o
rio como metáforas para falar de pertencimento e saudade. E o sucesso radiofônico
“De um Bando”, que mais parece uma música tribal, de
chamamento, com um instrumental crescente, embasado num bombo leguero enfático.
Na mesma essência seguem-se “Água” (Cao Trein); e “Fogueirais”, “Raiar” e “Bandeira”
(esta com Fernando Ribeiro). Temas com ares de bucolismo para se ouvir na companhia
do isolamento, e do mate; eterno fiel amigo.
O uruguaianense Bebeto Alves é um músico peculiar do
Estado. Surgido com aquela turma dos anos de 1970 da chamada Música Popular
Gaúcha, junto com Carlinhos Hartlieb, Nelson Coelho de Castro, Cao Trein,
Claudio Vera Cruz, Nando D'Ávila, Raul Ellwanger, entre outros. Nomes que
agitaram a música rio-grandense da época, com a apresentação “Voltas” (gravado
ao vivo em 1977 e lançado em CD em 2004) e com o álbum “Paralelo 30” (de 1978).
Bebeto nunca foi estático. Sempre procurou se
reinventar musicalmente. Tem como característica a aproximação da milonga com a
música moderna, o rock com o folclore
gaúcho, e esse trabalho é seu nascimento artístico e quiçá sua obra- prima.
Hoje, um álbum um tanto esquecido, mas que ao escutar se percebe sua força e
beleza musical. Um álbum para abalizar sua carreira de mais de 30 anos. Se tu
tens esse LP guardado, sinta-se um privilegiado.
Dica: no seu sítio oficial (www.bebetoalves.com.br) é
possível escutar essa relíquia na íntegra. Além de “Pegadas” (1987), “Mandando
Lenha” (1998), “Blackbagualnegovéio” (2004/2006) e de todos os seus outros criativos
trabalhos.
Vinil Bebeto Alves (1981)
1.
Sant’Anna
do Uruguay
2.
De
um bando
3.
Água
4.
Momento
encantado
5.
Moleque
do parque
6.
A
mão e o medo
7.
Fogueirais
8.
Raiar
9.
Bandeira
10.
Kraft!...
Mesmo
11.
Polvadeira
2 comentários:
Não fiz nada em De um bando, do Bebeto Alves.Por que sou citado ali? Por favor, corrija. Bebeto musicou meus poemas Surrei a Vida e O Portal Úmido. Nada tenho a ver com essa citação. De onde tiraram essa informação errada?
Me desculpe Nei. Eu que fiz confusão com a informação do site Durango 95. De acordo com esse site a sua parceria com Bebeto é somente na música "A Mão e o Medo". Já tirei a citação. Desculpe o transtorno.
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