21 janeiro 2012

A paixão de um poeta

 

João Sampaio pode ser considerado o poeta basilar da cidade de Itaqui, no que se refere à poesia campeira gaúcha. Assim como cada cidade tem o seu, ou seus poetas mais férteis e respeitados no resto do Estado, como: Rillo, em São Borja; Jayme Caetano Braun e Noel Gaurany em São Luiz Gonzaga; João Sampaio é o representante “do” Itaqui. Com sua poesia de galpão, mas sem deixar de ser atento a temas exteriores e universais, Sampaio inunda os gaúchos com o seu olhar do homem rústico e seu cotidiano.

Conhecido, e reverenciado pelo nicho artístico gaúcho, e devidamente já apresentado por diversas matérias e reportagens sobre sua vocação e arte - sendo até tema de trabalho de conclusão de graduação – o autor do clássico da música gaúcha Entrando no M’Bororé, já publicou 19 livros de poesia e dez álbuns de letras autorais.

Depois de tantas poesias suas já musicadas e interpretadas, o poeta expressa virtualmente sobre sua aptidão: “Resguardada a proporção, eu sou que nem o meu compadre Mano Lima, que, segundo o próprio, tirando o cavalo e a gaita não sabe nem varrer o galpão. Não sou tão narcisista para dizer que a minha única vocação é a poesia, mas posso tranquilamente afirmar (sem falsear a verdade e sem ser também exibido!) que eu sou um homem habitado de poesia!”.

Incansavelmente João Sampaio produz. Possui uma facilidade nas rimas como os antigos trovadores, com a diferença que a aplica na escrita; seja numa simples dedicatória de um livro seu para um amigo, ou até nos e-mails que envia (recentemente se entregou a essa ferramenta moderna), sempre presenteia um verso crioulo.

Desde pequeno aficionado pelas palavras e pela rica cultura gaúcha além-fronteiras, as descendências e as formações do homem campeiro sul-americano; João Sampaio encontrou na poesia sua missão: a de exaltar, manter e repassar o legado identitário dos seus ancestrais. O seu afã por novos conhecimentos, a dedicação e inspiração são constantes no seu labor poético.

“Tudo que diga respeito ao macro e ao microcosmo deste universo que nos tocou viver, é, para mim, matéria prima para poesia e música. Como eu escrevo sobre o homem do campo, viver no campo, em contato permanente com a matéria prima do meu ofício é algo sortilegiadamente benfazejo e mágico”, declara.

Quanto ao motivo de sua disposição e paixão em produzir a poesia crioula, Sampaio finaliza: “Me acho na obrigação de cantar o tempo em que vivo e o chão em que piso e uma das poucas coisas que lamento é a de a grande mídia não dar, para quem canta a sua terra e a sua gente, o mesmo espaço que dá para o lixo poético e musical que em outros países é produzido. Quero continuar fazendo a minha arte com essa mesma aura que me permitiu ser ouvido, lido e consumido sem precisar como os sertanejos usar chapéu e indumentária de caubói texano e nem tampouco ficar refém e escravo do mau gosto do chamado povão”.

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