No dia 25 de Janeiro o músico e letrista gaúcho Nei Lisboa, em entrevista ao jornal Zero Hora, esboçou críticas severas à música gaúcha e ao Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). Segundo ele, “tudo em torno” da música gauchesca lhe parece “muito ruim, estética, ideológica e musicalmente”. “A música gaúcha se torna intragável para qualquer pessoa mais esclarecida. (...).
Desde então a polêmica foi engendrada e músicos do gênero, obviamente, não gostaram nem um pouco da declaração do artista caxiense. João de Almeida Neto e César Oliveira rapidamente manifestaram-se com artigos defendendo suas artes e opiniões. Nei Lisboa, por sua vez, escreveu novo texto intitulado de Não aos “patrões da cultura”, acalentando ainda mais o bate-boca.
A apreciação de Nei Lisboa também, como centenas de gaúchos, deixou-me suficientemente intimidado ao ponto de comentar a discussão levantada.
Claro que qualquer tipo de juízo deve ser sempre considerado, afinal, esse é o propósito do pensamento livre. Porém, ele torna-se obtuso quando a crítica é dada de forma totalitária.
Considero-me uma pessoa esclarecida na medida em que respeito as raízes da qual faço parte e esboço as preferências musicais que bem entendo. Minha ecleticidade permite ir da Música Gaúcha Nativista ao Heavy Metal. Não há mais limites. Já foi o tempo em que se buscava uma identidade única.
Qual é o problema de exaltar e cultivar a cultura e o folclore de onde se pertence? Porque não podemos ser orgulhosos da terra onde nascemos e universal ao mesmo tempo? Tenho certeza que muitos músicos que cantam o nativismo possuem essa qualidade, assim como Nei Lisboa também demonstra ao expressar suas produções.
Duvido que Nei Lisboa nunca tenha escutado e considerado admiráveis obras de talentosos como Noel Guarany, Mário Barbará, Luis Carlos Borges, Jayme Caetano Braun; enfim, entre tantos porta-vozes da música regional gaúcha. Engano meu ou Nei Lisboa nunca tocou nas suas músicas em costumes do seu povo, como por exemplo, o chimarrão?
E quanto ao MTG qual o desmerecimento em acarretar normas de qualquer movimento que se disponha a seguir.
Soa clichê, mas é preciso ponderar antes de generalizar. Pois pode se tornar ofensa a quem pensa o oposto.
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